O amor sem regras no filme de Honoré

O amor sem regras no filme de Honoré

22 de agosto de 2012 Arte, No Radar 0

O nome em português não agrada, o fato de ser um musical desencoraja outros tantos possíveis espectadores, o que não é o meu caso. Com estas fichas contra, o diretor Christophe Honoré nem sempre ajuda vacilando aqui e ali no roteiro e na direção do seu Les Bien Aimés, título que em francês contempla homens e mulheres e em portugues virou Bem Amadas, aguando o sentido. Vamos lá. Honoré gosta de enredar seus personagens com doses maciças de melancolia e nos cativar com isso. É um truque mas, quando funciona, soa terno e envolvente.  Ele também tem um certo padrão de bom gosto que incomoda muita gente. O que também não vale para mim. A abertura do filme, por exemplo, é uma consumada delícia fashion com pézinhos femininos provando modelos Roger Vivier contra o tapete escuro de uma loja de sapatos dos anos 60.  A cena é de uma superficialidade impecável, e é também  uma peça perfeita para a construção da narrativa. Daí por diante a história  ziguezagueia, ora firme, ora cambaleante, até os dias de hoje.

Um dos grandes trunfos do filme é a  Chiara Mastroaini, seja nos vôos solos, seja no contraponto com a mãe Deneuve ela está esplêndida e não deixa espaços vazios.  Outro é a dissolução do núcleo duro dos amores. No filme o amor se espalha sem dar a mínima para cronologia e convenções, e mesmo a infidelidade é acomodada com sensibilidade na trama. Contar mais que isso não faria bem. Para quem gosta de um ranking, o filme  está muitas posiçòes abaixo do semelhante em linguagem, porém bem mais eficiente em cumprir aquilo que o diretor se propõe a fazer, Les Chansons d’ Amour, de 2007. O filme também exige certa paciência, enquanto se estica através de muitas décadas e não emplaca canções particularmente memoráveis. Nada disso, entretanto, me faria deixar de assisti-lo.

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eduardo:

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