Yayoi Kusama no CCBB do Rio
Com mais de 80 anos de idade, a artista japonesa Yayoi Kusama está prestes a abrir mostra no Brasil e de cumprir o projeto de forrar o universo de polka dots. Ou bolinhas. A imensa exposição da Tate Modern, em Londres, no ano passado, a mesma que chega ao país, rendeu a maior circulação de imagens da obra de um artista pela web e a parceria com a Louis Vuitton colocou a artista na rota de quem até hoje não a conhecia.
Kusama está na origem de manifestações da arte atual como o happening, a performance e a instalação. Atravessa várias delas: é uma precursora do pop e é citada até quando o assunto é o minimalismo. O tom político das manifestações na Nova York dos anos 60 (reunindo participantes nus contra a guerra do Vietnã, o marasmo da arte e a favor do amor livre) valeu-lhe enorme reconhecimento. O público gosta dela, os críticos também. Kusama não põe limites para a diversidade, mesmo tendo um programa artístico marcado pela coerência. Ela já publicou livros e realizou filmes. Desde 1965 também faz roupas, desfiles de moda e tem pontos de venda espalhados por várias cidades do planeta. No próprio site da artista há uma oferta infindável de bottons, t-shirts e outros objetos de apelo ligeiro, evocando o trabalho dela.
A pouca distinção entre hi e low culture, uma característica japonesa presente na obra de outros artistas contemporâneos e de alcance global, como Murakami, é muito bem acolhida no Ocidente desde a arte Pop, desde Warhol. O resultado da obsessão de Kusama (em encher o mundo de pontos e uni-los) conversa tanto com quem os vê associados a alguma cosmogonia oriental quanto com aqueles que encantam-se pela estampa da qual ela tomou posse, um ícone visual da história da moda.
Há lugar para todos projetarem-se no universo colorido de Kusama. Segundo ela mesma, um mundo criado para controlar seus impulsos suicidas, exorcizar as alucinações e dar algum sentido às angústias que a atormentam desde sempre. A história pessoal, marcada por abusos na infância e a sequência de internações psiquiátricas confirmam. Quem diria que inocentes polka dots se prestariam a expressar tamanha densidade? Lição do dia: nunca subestime um ponto que seja da questão.
Obsessão Infinita é o nome da mostra de Yayoi Kusama. Acontece no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro de 12 de outubro até janeiro de 2014. A previsão é que depois vá para o CCBB de Brasília e no dia 21 de maio chegue a São Paulo, no Instituto Tomie Ohtake.
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