Fashion Rio no primeiro dia
Por um destes acasos inexplicáveis, as duas maiores experts em couro no Brasil chamam-se Patrícia. Uma delas é a Patricia Motta e desfilou na SPFW. A outra é Viera, e desfilou ontem no Fashion Rio. A Patricia do Fashion Rio mergulhou na visualidade do novo México, nas flores da obra de Georgia O´Keefe para criar uma coleção colorida, com muitos navalhados, aplicação de metais e pinturas à mão. A técnica impecável e particular é valorizada por uma boa captação da atmosfera de um deserto, de terra quente e seca irrigada pelo imaginário de lendas dos povos locais e suavizada pelas flores de O´Keefe. Os vestidos “mexicanos” são longos, rodados em baixo. Tem palas e pernas de calças franjada e variações de elemento étnicos.Os outros muitos e ótimos shapes são cosmopolitas e afiados nas proporções. Bela coleção.
Quem sai ganhando com esta Alessa urbanizada e“paulista”? E não é que a exuberante criadora de vestidos de colorido tropical envolveu-se com a arquitetura de Paulo Mendes da Rocha para realizar esta coleção? De cara é possível dizer que há um enorme ganho técnico. Construção requer outros recursos e a designer se sai bem nesta troca de repertório e instrumentos.
Victor Dzenk misturou na trilha sonora, misturou nas referências e misturou também o masculino e o feminino em um só desfile. As referências citadas são Marrakesh, islamismo, Art Déco e rock anos 1980. O resultado tem o selo de Dzenk: um gosto por luxo em chave de noite urbana e com forte apelo brasileiro. O estilista tem um público fiel no país. Se o feminino sustenta as qualidades que ele desenvolveu até hoje, o masculino ainda busca um norte.
Imagens: Agência Fotosite
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