O destino do talento

O destino do talento

27 de novembro de 2013 Moda 0

anndeNo elenco de marcas identificadas por nomes próprios, muitas das assinaturas são “póstumas”, ou seja os donos delas já deixaram este mundo há algum tempo. Tudo certo, estamos acostumados com isso e os fantasmas de Vionnet e Versace seguem assinando coleções sem causar nenhum espanto. Existem também os aposentados por iniciativa própria. Aqueles que delegam o trabalho pesado para outros depois de uma vida de realizações. Ok também. Todo mundo sabe que Issey Miyake não desenha Issey Miyake, por exemplo.  Entretanto, nos negócios da moda assinados por vivos ainda muito vivos, e com certeza longe do horizonte da aposentadoria, a transferência do nome pessoal para uma marca que escapa ao seu controle sem que isto seja um projeto é, no mínimo, desconcertante. Sabemos que na moda a esfera do que é pessoal ou público pode tomar contornos inesperados. São situações que ainda causam estranheza, mesmo para quem já viu de tudo. O recente caso de Ann Demeulemeester, cujo nome ganhou mundo como assinatura da marca que ela criou, e agora migra para uma dimensão na qual ela não tem ingerência, se encaixa nesta categoria. Na imprensa todo mundo especula o que houve entre ela e os agora detentores da marca. Atiça a curiosidade conhecer os bastidores deste rompimento ou rearranjo de forças. Mas não é isso o que importa. Que uma equipe treinada siga desenhando à maneira de Ann Demeulemeester é uma possibilidade maneirista já testada e aprovada em outras circunstâncias. O que é de se lamentar é a possível ausência da talentosa criadora belga como efetiva desenhista de roupas dentro da cena contemporânea. Vai-se o nome, mas o destino do talento dela é o que realmente interessa.

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eduardo:

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