O básico e o extraordinário da alta costura
Em um mundo em crise a alta costura vendeu mais e melhor na atual temporada, de acordo com os dados, em função da chegada de jovens consumidores da China ao mercado de roupas mais caras do planeta. Duas questões entraram na pauta a partir daí. Em primeiro lugar, o que é que “jovens compradores” estão escolhendo para comprar? Outra questão, largamente divulgada, veio apoiada na dúvida se a alta costura poderia realmente ser contemporânea, no sentido de rever suas formas e adaptar-se ao gosto de hoje. Ou seja, não produzir apenas a exuberância da experimentação formal ou roupa que corteja luxo e estética do passado. É possível realmente romper o paradigma extravagância e luxo nostálgico quando se trata de alta costura? Apesar dessa conversa ter ganhado fôlego recentemente, já faz um tempo que alguns criadores partiram abertamente para a adoção de formas contemporâneas. Se as técnicas empregadas na alta costura fazem parte de outro tempo, as formas possíveis de serem criadas com elas não precisam estar associadas às mesmas de quando elas surgiram. Parece fácil chegar a esta conclusão, mas a coisa não é tão simples neste universo misto de conservadorismo e experimentação. No momento, a chegada de sangue novo, com dinheiro novo nas mãos, é o que dá impulso decisivo para esta transformação. Não deve ser à toa que isto acontece em um tempo em que se discute o fenômeno da normalidade no mercado de roupas. Quando também a roupa criada por marcas de design disputa espaço com Gaps e similares produzindo peças básicas. De certa forma, a alta costura contemporaneizada, a que agrada jovens, tem relação com estes acontecimentos. Neste caso, ao comprar um Dior impecavelmente dentro das técnicas da couture, e discreto e atual na aparência, a garota chinesa estaria pagando pelo invisível (qualidade, label) já que formas semelhantes estão disponíveis por preços infinitamente menores no mercado.
Fotos Style.com
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