Crise dos (quase) 25 anos
Este ano completei 24 anos e com a idade vieram questionamentos sobre o meu lugar no mundo. Essa crise, não é tanto existencial, mas sim mercadológica. Se por um lado a lei brasileira ainda me considera jovem – no Estatuto da Juventude, consideram-se jovens, para efeito da lei, as pessoas de 15 a 29 anos. Por outro lado, quando completar 25 anos, de acordo com o IBGE, não serei mais jovem. Também não serei jovem para o mercado. Ficarei de fora do grupo alvo de grande parte das ações de marketing, da publicidade, dos programas de televisão, dos produtos de entretenimento e de boa parte dos produtos de moda. Saio da faixa etária dos 18 aos 24 anos. Serei, de certa forma, forçado a me tornar adulto e consumir produtos de adultos, me vestir como adultos se vestem. É como se, de um dia para o outro algum tipo de mágica acontecesse e me tornasse uma pessoa diferente. Como isso não acontece, não é a lei que me interessa, o problema é o mercado. Afinal de contas, vivemos para consumir e consumimos para viver. Este é um dos pontos de partida para compreender o que move os tempos atuais. Se estou de fora do alvo principal da indústria do entretenimento, por exemplo, também estou fadado a abandonar certos hábitos em prol deste novo status? Devo trocar meu guarda-roupa para adaptá-lo ao guarda roupa de um adulto? O que um adulto veste hoje em dia? Isso tem importância? Ou devo me preparar e me adaptar a um possível e permanente estado de desajuste?
Para os grandes centros de pesquisa de tendências, ao fazer 25 deixo de ser parte do mundo e não participo mais das mudanças dele. Isso quer dizer que devo me ajustar à realidade da vida adulta adotando os códigos da nova condição ou me tornar alguém que se inspira em pessoas entre 18-24, caso queira me manter jovem?
Atualmente, a juventude é estendida até o limite e pode ser que este questionamento não seja tão relevante. Ou talvez seja. O mercado ainda é fortemente regulado por pessoas que não fazem parte desta geração, e por isso boa parte delas ainda pensa e funciona dentro de padrões ultrapassados. O fato é que no ano que vem eu, e todos com a mesma idade, estaremos vivendo em um limbo mercadológico. Não seremos coisa alguma. Vamos entrar naquele momento em que deixamos de fazer parte de um grupo, mas ainda não pertencemos a nenhum outro.
Imagem: Boris Camaca para Fucking Young! Online
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