Semana de moda de Londres : mais cor e vitalidade
Trabalho em equipe gera situações e resultados no mínimo curiosos. Nos últimos dias, com todos trabalhando dentro de um mesmo espaço, mergulhamos em nossos computadores vasculhando imagens das semanas de moda. Depois de nos afundarmos em New York (veja o resultado clicando aqui) chegou a vez de Londres. Hoje pela manha perguntei o que estavam achando. O resultado em princípio foi este:
Mais cor
Mais flor
Mais experimentação
Mais coragem
Mais jovem
Naturalmente aprofundamos a conversa a respeito mas, estas primeiras opiniões, colocadas como uma confrontação com New York, são frescas e esclarecedoras sobre a semana inglesa.
Não é novidade para ninguém que a vocação londrina é esta. Também não é nova a sedimentação dessa vocação como uma política da London Fashion Week. Curioso é observar como ela se instala no direcionamento do trabalho de marcas e criadores ingleses levando, em alguns casos, a uma eficiente manipulação dessa imagem e, em outros, a uma reiterada opção por correr riscos. A Burberry, comandada por Christopher Bayley, ilustra o primeiro caso. JW Anderson o segundo. Para todos trata-se de tirar partido das associações que o british design evoca. De resto um sopro de vitalidade nas águas mornas que boa parte da produção atual insiste em navegar.
Com silhuetas coladas ao corpo, oposições entre tecidos opacos e estruturados, leves e transparentes, e forte sugestão de customização dada pelo styling, a Burberry colhe um saldo de marca jovem e com alguma particularidade, ainda que ela seja, na verdade, uma gigante da indústria. É o que pode ser chamado de bom gerenciamento comercial do tipo de prestígio que a moda inglesa desfruta.
Por esta linha de pensamento vale citar Paul Smith um veterano que, mesmo trabalhando sobre base clássica de alfaiataria, consegue a proeza de não parecer velho.
Talvez o caso mais emblemático, entretanto, seja o do americano Tom Ford, que levou a reconhecida habilidade de dar forma ao desejo feminino para as passarelas inglesas. A medida tem permitido a ele criar imagens que atualizam a mulher forte que ele estabeleceu no território da moda global.
Na vertente dos jovens criadores, JW Anderson, assim como Christopher Kane, Peter Pilotto, Mary Katrantzou, Giles, Marios Schwab, Simone Rocha, alguns deles egressos de ambientes criativos como a Saint Martins e a escola de moda da Antuérpia, continuam nos fazendo acreditar que é possível sim operar com algum sotaque autoral. Isso, enquanto crescem de importância no grande mercado. Não é pouco.
E Londres tem ainda os brasileiros Lucas Nascimento e Barbara Casasola. Ambos vão muito bem. Convergem no refinado senso de proporção e na opção por linguagem depurada.
Depois de todas estas digressões, pondo os pés no chão, Londres é mesmo isto aí:
Mais cor, mais flor, mais experimentação.
Eu acrescentaria também uma dose extra de vitalidade.
Colaboraram: Ramon Steffen e Barbara Diehl
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