Depois das propostas comerciais de Milão, as expectativas aumentam pelas coleções apuradas e maduras das marcas francesas. Entretanto (exceções à parte), Paris, nesta estação, funcionou quase como uma extensão de Milão. Com críticas mornas aos desfiles principais, o que se viu foram soluções pragmáticas em boa parte das apresentações. Mesmo marcas como Rick Owens e Ann Demelemeuster (esta com roupas coloridas em meio aos tons escuros característicos) embarcaram na moda comercial, máxima que não foi quebrada nem pela profusão de cetim da Louis Vuitton ou pelo preppy militar da Dior.

Rick Owens | Ann Demelemeuster | Louis Vuitton | Dior Homme

O que se diz nos bastidores e muito informalmente é que, nesta temporada, todos “queriam fazer um Hedi”, ou seja repetir a fórmula mágica de Hedi Slimane para Saint Laurent. Não apenas pela capacidade do designer em depurar conceitos em roupas extremamente jovens que vendem como água, mas também em incutir uma lufada de rock underground nas coleções para torná-las atraentes. Até mesmo designers experientes como Paul Smith foram direto para o território do rock alternativo.

Em meio a tudo isso, a Saint Laurent deu uma guinada  e mergulhou na cultura surf da Califórnia. Trouxe para a passarela uma coleção que misturava referências praianas com notas contemporâneas.  A obra do artista do sul da Califórnia Billy Al Bengston serviu de referência para a coleção misturada com elementos rock’n’roll, ora punk, ora grunges como nos diversos looks em que os modelos eram muito parecidos com Kurt Cobain.

Paul Smith | Saint Laurent | Saint Laurent

Além das depurações comerciais e pegada rocker, as silhuetas alongadas são apostas recorrentes. Estão na alfaiataria elegante da Margiela e na colorida, estampada e desconstruída alfaiataria da Commes des Garçon. Também estão nas propostas de Raf Simons, Rick Owens, Anne Demelemeuster e Givenchy. A Givenchy, aliás, parece ter encontrado Jesus nesta estação. A imagem do ícone cristão foi estampada em boa parte das peças, misturando a religião com a estética bem definida por Ricardo Tisci para a marca.

Maison Martin Margiela | Commes des Garçons Homme | Raf Simons | Givenchy

Outro criador inspirado em ícones, foi Dries Van Noten que privilegiou Marilyn Monroe e Salvador Dali, em um bonito trabalho apresentado ao som de outro ícone: Elvis Presley.

Buscando outro tipo de moda jovem e urbana diferente da de Hedi, na Hood by Air quase nenhuma peça de vestuário estava intacta. Quase tudo foi cortado, dividido, dissecado em looks urbanos bem concebidos e com pouco apelo comercial.

Dries Van Noten | Hood by Air

Fotos: Divulgação