Camila Ferrés coloca a excelência em pauta
Misteriosamente, a excelência técnica tornou-se ingrediente raro na moda. Deixou de ser prioridade para transformar-se em luxo. Quero acreditar, apesar disso, que ninguém reclamaria se ela visitasse com maior frequência nosso guarda roupa cotidiano. Na produção de novos criadores ela tende a ser ainda mais ausente. A formação (geralmente) precária e a pressão para faturar em tempo recorde deixam pouco tempo disponível para que eles conheçam e explorem o que é a engenharia de uma peça de roupa. Vez ou outra esta realidade cai por terra. Esta semana conheci o trabalho da Camila Ferrés e testemunhei uma destas condições de exceção. Camila estudou no IED de Madri e a coleção dela está cercada de cuidados profissionais, como ter sido bem fotografada e contar com assessoria de imprensa competente, por exemplo. Isso faz diferença – e como – mas o que interessa aqui é que todos estes cuidados estão recheados por roupa finamente construída. Mais assombroso é o fato de que ela mesma desenha, modela, corta e costura cada uma das peças. Os estudos na Espanha deixaram boas referências. Camila fala do Balenciaga histórico e construtor com naturalidade. Não precisa temer que investiguemos o avesso e o fechamento de cada peça, nem precisa recorrer a artifícios para parecer exatamente o que é: um talento pronto para ocupar espaços que andam semi desertos. Com referência no Déco a coleção é racional no planejamento e tem poucas peças, todas intercambiáveis. A cor e os cortes arriscados é que tocam calor no estilo limpo de base clássica. Pode ajustar a lupa sobre o trabalho dela que ele aguenta.
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