ZEITGEIST
Está aberta no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, depois de uma temporada em Belo Horizonte, a exposição “Zeitgeist – A arte da nova Berlim”.
Zeitgeist, uma palavra da língua alemã formada pela contração de Zeit (tempo) e Geist (espírito), pode ser traduzida literalmente como “o espírito de um tempo” ou “o espírito de uma época”. Define como ideias, conceitos, fatos e acontecimentos são absorvidos pelas pessoas e traduzidos em cultura.
Berlim viveu com intensidade máxima os acontecimentos do século XX: desde a derrota na primeira guerra mundial até a queda do muro, passando pela ascensão e queda do nazismo e a Guerra Fria. É sobre o espírito deste tempo que fala a exibição.
As obras revelam a transformação das cicatrizes da cultura alemã, sobrepostas por sucessivas utopias, dando lugar ao desencanto e desolação do pós-guerra. As disrupturas, neste cenário de extremos, de construções e reconstruções, fizeram do cenário artístico de Berlim uma colcha de retalhos. Fizeram dela uma cidade cuja zona de influência sempre foi muito além da Europa Central.
Um dos destaques da exposição é “Standard Time”, de Mark Formanek. Esta instalação é um relógio construído sobre uma armação metálica que é atualizado manualmente, minuto a minuto, por uma série de trabalhadores e que representa o esforço de reconstrução da cidade.
São lindas as imagens do pin hole do Michael Wesely, a estética da ruína nas fotografias gigantes do Frank Thiel e do Thomas Florschuetz, a videoinstalação do brasileiro Marcellvs, que mora na Alemanha desde 2007.
As obras da exposição tem muito a dizer ao momento de desencontro político e social que vivemos no Brasil. No momento em que o sonho de um Brasil melhor está abrindo passagem para decepções e profunda crise moral, é reconfortante ver essa expressão de renovação e reinvenção que a exposição apresenta.
Compreender as experiências de Berlim nos ajuda entender o zeitgeist do nosso tempo. Ajuda a ampliar o alcance de nossos radares.
https://www.youtube.com/watch?v=hl0nJwR-5MA
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