Foto: Noel Quintela

A Semana de Moda masculina de Nova York provou que adotar postura de resistência e uma voz crítica foram as consequências dos acontecimentos políticos retrógrados dos últimos tempos. O que é melhor é que muitas marcas transpuseram esse posicionamento para boas  peças de roupas.

Como highlight de Nova York, vale citar Raf Simons. Ele fez sua estréia na Calvin Klein com vários subtextos críticos embutidos na roupa e contrapôs essa posição forte com uma declaração de amor à cidade.

O designer propôs cintos DIY de fita adesiva preta com frases como “Walk With Me” e “Youth Project”, clara alusão aos ideais políticos e sociais da era punk, também descontente com o  governo da época. Simons afirmou que, muito mais do que apenas revisitar uma estética, ele quis incorporar o punk na coleção levando o público a assimilar o espírito contestatório do movimento.

A declaração de amor por Nova York  aparece em blusões e outros cintos de fita adesiva com a frase “I Love New York”. O designer afirmou em entrevista que a cidade lhe oferece liberdade, inspiração e energia, e que a juventude nova iorquina consegue expressar tudo isso na sua maneira de vestir.

Palomo Spain, nome relativamente novo no mundo da moda, explorou o desejo sexual em uma coleção lírica e pouco conformada aos estereótipos masculinos. 

Ele foi um dos últimos a se apresentar. Se ainda era pouco conhecido, talvez não o seja mais após essa apresentação. Desafiando clichês, o designer apresentou uma coleção para rapazes com o repertório da moda feminina. Claramente inspirada na alta costura e no romantismo, e com o título Objeto Sexual, a proposta estava além da questão de  gênero. Modelos virginais foram sexualizados com ombros a mostra, salto alto, roupões com detalhes fluffys e espartilhos.

Spain sempre explora a carga romântica da nacionalidade espanhola, dessa vez acrescentou um grande teor sexual. “É como quando você gosta de algo muito caro e não pode realmente pagar; há algo a mais que te faz comprar. É esse o sentimento que quero criar; aquele desejo sexual pelas roupas”, disse o designer após o desfile. Foi a cereja no topo do final da Semana de Moda masculina de NYC.