charles Jeffrey Loverboy-spring summer 2018

Enquanto governos de vários países nos ameaçam com retrocessos de assombrar até mesmo os mais escaldados, a moda – como de resto todas as atividades – segue com seu calendário e faz o melhor que pode. Ou tenta fazer.

Na Inglaterra, um dos centros políticos desse furacão conservador, coube à semana de desfiles masculinos em Londres expor a impossibilidade de consenso também entre estilos e motivações. Se de um lado, Vivienne Westwood personificou a alegria da resistência e da experimentação, em um desfile entusiástico, de outro, Oliver Spencer se ocupa em fazer roupas apenas usáveis. Mas, trata-se de moda apresentada em Londres, e nada ali é inócuo ou desatrelado do momento. Mesmo Spencer, enquanto abraça roupas comuns, faz manifesto pela diversidade no casting de todas as idades e tipos.

Na linha da tradição – com alfaiataria soberba em várias marcas – e na linha da irreverência técnica e comportamental Londres, oferece um painel convincente do tempo em que vivemos. No mínimo tão desigual, incerto e multifacetado quanto ele.

Confira o teor dessa diversidade em 10 desfiles.

Vivenne Westwood Para falar desse desfile tomo de empréstimo o comentário preciso que Luke Leitch fez sobre Vivienne em resenha no Vogue.com: “O problema dos jovens designers, que tanto devem a Westwood, é que nenhum deles consegue fazer melhor que ela.”

Topman Com ecos de Bowie e anos 80, a marca embarca em esportivos e tecidos metálicos e troca o formato de desfile pelo de uma apresentação.

Craig Green Partindo de paraísos utópicos a coleção vai se tornando escura, dramática e um tanto ameaçadora. É a maneira do designer comentar a realidade, sempre com  exibição fina de domínio técnico.

Chalayan Este não precisa nem quer causar espanto, como já fez no passado. Opta por representar o que é e o que pensa em roupas, sem deixar de citar o descontentamento com o momento atual. E que roupa ele faz. Tão perfeitamente assentada entre  o real e o extraordinário!

Martine Rose Pouco conhecida entre nós, Rose tem peso e consistência entre seus pares.  Com medidas extras de tecido, ela vai na onda do que é comum  tomando empréstimos estilísticos de executivos e bikers. Mas só para acelerar e deixá-los para trás.

Astrid Andersen Anunciada como uma visita ao que o termo safári significa para o universo da moda, a coleção não é literalmente Safári à maneira de um Saint Laurent. Mas que tem punch tem.

Charles Jeffrey Loverboy Vestir-se pode ser uma grande diversão. Especialmente se a história da moda é que veste a liberdade de se usar a roupa que quiser. A marca manda ver nessa alegre festa em favor da diversidade. De formas, épocas, gêneros, estilos.

E Tautz . A combinação entre a alfaiataria e esporte é antiga, e é a partir desse relacionamento  que a coleção usa a tradição para capturar o zeitgeist do presente.

Gosha Rubchinskiy Rubchinskiy é o melhor do atual realismo na moda. Onda que deu à banalidade um status quase filosófico na moda recente e, no mais das vezes, serviu mesmo foi para engordar o mercado de básicos. Não é o que acontece com a normalidade nas mãos desse russo, outro que quer dominar o mundo.

Oliver Spencer Em Londres, cada um é diferente do outro. E todo mundo vai circulando junto pelas ruas, metrô, parques, noites e dias do verão europeu. Oliver Spencer é um moderado à esquerda.

Fotos: vogue.com