RADAR ENTREVISTA DAVID LEE: VENCEDOR DO GQ+RESERVA
Há um quê de destemido na moda produzida por David Lee. A perspicácia do jovem criador aliada a um background de referências fortes culminam num homem que assume a identidade, a elegância e a chance de falar o que pensa. A sensibilidade, a fraqueza e as noções de sentimento, que foram historicamente renegadas à construção da masculinidade, ajudam a engendrar o espírito de marca proposto por Lee. Num mercado que tem se aberto para ensaios de inovação e que está crescentemente ávido por material de moda que impressione, David Lee surge e dá o nó na gravata sem que a camisa de antes pareça antiquada. Não é a toa que ele foi um dos vencedores do concurso GQ+Reserva.
A Radar entrevistou David Lee, na última sexta-feira. Na conversa, o estilista cearense discorreu sobre os planos de futuro da marca, sobre o mercado de moda masculina e o futuro da indústria.
Confira abaixo a entrevista:
O que você espera para a sua marca agora que é um dos vencedores do GQ + Reserva?
Espero aprender mais e absorver tudo que for possível com Reserva e o pessoal da Malha assim como tornar a marca visível nacionalmente.
Da para viver de moda masculina no Brasil?
Acredito que sim, há um grande publico e uma escassez de marcas que desenvolvem moda masculina no Brasil. E também é perceptível uma nova cena com homens mais preocupados com a aparência e interessados por moda.
O homem brasileiro é conservador?
Sim, o homem brasileiro ainda detém muito da tradicional masculinidade que hoje não representa mais todos os homens. Porém temos caminhado para mudanças e já é possível ver outros tipos de comportamento. Espero e acredito que podemos evoluir nesse sentido.
Por que você escolheu trabalhar com moda masculina?
A moda masculina é uma paixão desde meus primeiros contatos com a moda, ela é diferente e mais desafiadora a meu ver. Ela me faz pensar além e me guiou para encontrar um propósito junto ao meu trabalho. Apesar de os limites entre a moda feminina e a moda masculina estarem mais tênues, ainda faz muito sentido para mim pensar um peça através de um gênero, visto que o comportamento masculino é minha principal guia na forma como desenvolvo meu trabalho. Pode parecer demais, mas quero contribuir para formação de novos referenciais de masculinidade.
Quem sua marca veste?
A marca propõe um diálogo interno do homem consigo. Acredito que esse diálogo é fundamental para que ele se conheça e forme sua própria identidade e não seja mais um reprodutor de antigos aspectos que antes definiram como ele deveria ser. Quem se identifica com essa mensagem, tem um espirito jovem e gosta de moda veste nossas peças.
Para quê você acha que nos vestimos?
De forma inconsciente nossa personalidade está em nossas roupas e quando temos consciência disso ela passa a ter uma comunicação mais clara de nossa personalidade. Nos vestimos para nos comunicar e cada vez mais para expressar nossa singularidade.
A moda tem futuro?
Tem sim! Acredito que ela sempre terá um papel importante nas mudanças do mundo. À medida que o mundo muda, ela muda junto com ele. Hoje dependendo de quem a desenvolve ela detém em papel super importante na vida das pessoas. Ela pode te ajudar a sonhar, a se conhecer, integrar e unir. Precisamos apenas mudar a forma de faze-la e assim seu futuro estará garantido.
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