Paris fashion Week spring 2018: Enfant Terribles
Em terra de Christian Lacroix – nos bons tempos um criador de roupas experimentalista e exuberante – a semana de moda de Paris é sim lar de todos os criadores rebeldes. Não é raro que designers desta vertente, mesmo de outras nacionalidades, se mudem para Paris. A condição de território livre para a exploração estética, aliado à cultura de preservação dos fundamentos artísticos da moda, favorece o trabalho deles.
O mais noivo rebelde a fugir de casa para se instalar por lá é o brilhante norte americano Thom Browne. O estilista chegou a Paris com uma coleção que realmente não se enquadrava mais aos enfoques da semana de moda de Nova York — onde costumava desfilar. Trabalhando com uma coleção de inspiração zoomórfica, ele entregou à platéia uma visão completa de onde a alfaiataria pós-contemporânea pode chegar. O jogo de proporções, o experimento de materiais, as composições visuais incomuns e até a presença de um unicórnio ao final do desfile confirmam Thom Browne como um dos grandes deste tempo. Sua visão é uma lufada de ar fresco na monotonia da moda atual.
E entre recém-chegados e clássicos, a Comme Des Garçons se revela, mais uma vez, um caso a parte. É quase impossível falar de rebeldia sem citar a marca da austera designer Rei Kawakubo. Nessa temporada, a modelagem característica da marca é inspirada nas composições orgânicas do artista renascentista Giuseppe Arcimboldo.
“Não pertube!”, esse é o mote da apresentação de primavera verão 2018 de Rick Owens. Na passarela, as guerreiras da paz propostas pelo criador desfilam, ao som de uma única e rítmica gargalhada, uma alfaiataria retalhada, por vezes, quase asséptica — senão fosse pelos necessários pontos de cor. No momento, Owens é um rebelde em busca de um pouco de sossego, sem dúvidas.
Para dar um fechamento nesta seleção de rebeldes que desfilaram em Paris, não há como excluir aquela que deu voz a todos os desajustados e experimentalistas da moda: a inglesa Vivienne Westwood. Em um momento propício às questões de gênero, à estética de fusões e ao ambientalismo a marca passeia por todas estas causas conduzida pelas mãos sempre rebeldes de Vivienne.
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