Fritz Lang, os corruptos e os tolos
Na madrugada deste feriado, assisti um Fritz Lang de 1953. Glen Ford faz o policial honesto, enquanto cuida com insuspeitada ternura da vida pessoal e entra em choque com tudo que está fora do ambiente doméstico. A fauna em torno é de políticos, policiais corruptos, gângsteres e prostitutas. No choque dos dois mundos, a esposa dedicada logo leva a pior, explodida dentro de um carro no início da ação. Quem entra em cena para desequilibrar é a namorada de um dos bandidos. O diretor reserva as melhores falas e o poder de desatar os nós que sustentam a tensão para ela, que mata o tédio em compras insanas e bebe sem parar. A certa altura, a garota tem um lado do rosto queimado e decide que só vai ficar de perfil. É hilário, mas ela leva a decisão às últimas consequências. Antes de morrer, de perfil, e trancada em um quarto de hotel, ela reclama que para alguém que nunca pensou, não é nada fácil ficar aqui pensando. E ela pensa muitíssimo bem. Observa a trama e só age para decidi-la. O diretor lhe dá este privilégio e entre heróis e poderosos escolhe exatamente ela, a tonta da história. O filme é o Os Corruptos, ou The Big Heat, no original. Ótimo.
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