Água de Coco. (Foto: Nicolas Gondim)

Mais democrático que nunca, o Dragão deu a largada em grande estilo. Os desfiles da semana de moda cearense, agora aterrissados nas areias do Aterro da Praia de Iracema, a principal orla urbana da cidade, foram abertos pela PARKO na belíssima passarela montada no espaço externo para apresentações de moda praia. A noite ferveu com mais desfiles encabeçados por Almerinda Maria, Homem do Sapato, Gisela Franck e Água de Coco.

Victor Cunha agradou o público com tie dyes de cores quentes e tramas artesanais abertas ora em tons de azul ora simulando as passagens do pôr-do-sol. Chapéu e bolsa de palha extra grande, além de máscaras de crochê, completaram o styling fresco.

Moda como ato político, Caio Nascimento encarou a “moda como plataforma de ideias”, trazendo frases de protesto associadas à ditadura e alusões na trilha sonora aos desastrosos discursos do atual presidente do país. O resultado é uma coleção forte e urbana.

Almerinda Maria apresentou seu Tropical Chic em outra coleção 100% artesanal. Esbanjando a sofisticação das rendas, a estilista introduziu uma impressionante série de vestidos em laranja intenso subvertendo os brancos e os crus da tradição que alimenta seu trabalho.

Com o bom e velho recurso de neutralizar as partes superiores do look e dar o protagonismo para os pés, a Homem do Sapato, marca de calçados masculinos, fez bonito em sua estréia no Dragão com mocassins, botas, coturnos, slides e tênis iate. Valendo-se de um solado branco espesso, garantiu que os olhares não saíssem de onde deveriam ficar. Apesar do público ter enfoque masculino, a passarela democrática trouxe Paulinha Sampaio exibindo um tênis iate no ombro como truque de styling e levando o público a loucura.

Gisela Franck que no passado recente emplacou uma bela coleção dedicada ao artesão Espedito Seleiro, desta vez enveredou pelo escapismo esvoaçante de ninfas etéreas em bosques de atmosfera rarefeita. O resultado é uma coleção de bonitos vestidos leves em tons muito pálidos exibido ao som de pássaros e do vento. Os casaquetos e as saias bem desenhadas confirmam a habilidade de Gisela em entregar boa roupa e com algo a dizer.

Longe do Dragão há 7 anos, a Água de Coco retornou com um desfile que soava como uma afirmação de origem. A marca é cearense e os tons de terra, o lurex ferruginoso e as estampas tropicais celebravam o Nordeste de forma explícita. Com muitas peças de pós praia, a marca exibiu todos os atributos que fizeram dela uma das grandes do segmento da cena nacional e internacional.