UM DOS MAIORES ARTISTAS EM ATIVIDADE, CILDO MEIRELES TEM RETROSPECTIVA À ALTURA NO SESC POMPÉIA, EM SP

“Sentido é a capacidade de perceber sensações, a partir do corpo e de seus órgãos: língua com sabor; pele com tato; nariz com olfato; olhos com visão; ouvidos com audição. Quando as sensações se misturam, vira sinestesia; quando não há sentir em jogo, apatia; quando não há sentido no sentir, nonsense; quando não há sensação no sentido, anestesia. Para a faculdade de pensar, sentido é propósito. Para quem faz, sentido é intenção. Diante do desequilíbrio, sentido torna-se senso, tino. Quando não bastam os perceptos, vem o sentido e seus afetos. Para a alma é um adjetivo doído. No argumento, sentido é um ponto de vista. Se, a partir do presente, o sentido é antecipado, é porque se está entrevendo. Na obra de Cildo Meireles, sentido é instrumento, medida, matéria, procedimento e meio.”

O trecho do texto dos curadores Julia Rebouças e Diego Matos é um daqueles raros momentos em que as palavras conseguem condensar uma fração daquilo que anima a obra de um grande artista. Cildo, sem dúvidas um deles. Certeiro nas suas formalizações, é proporcionalmente vasto e plural nos significados que evoca.

Logo na entrada, antes de adentrar um túnel quente e sem saída, o visitante é convidado a colocar na boca um gelo doce e um salgado simultaneamente. O tempo que se gasta para percorrer o espaço corresponde ao tempo que os gelos de sabores diferentes levam para derreter na boca. Essa é instalação Entrevendo, obra que dá nome à exposição e dá o tom de uma experiência rara: vivenciar sentidos em simultaneidade guiado pela sensibilidade e pela inteligência multidimensional do artista.

Os curadores reuniram cerca de 150 trabalhos– instalações, desenhos, objetos, situações – que atravessam cinco décadas de uma trajetória fundamental para a arte brasileira e mundial.

Imperdível.

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Água Branca – São Paulo.

Terça a sábado das 10h as 21h30 | Domingo das 10h as 19h30

Até 02/fevereiro/2020