A “Vida Invisível” de Karim Aïnouz é um filmaço
Existem os modos de existência desejados e existem aqueles que nos são impostos, às vezes de maneira tão devastadora que eliminam o próprio desejo.
No filme A Vida Invisível – um melodrama tropical, de acordo com op próprio diretor Karim Aïnouz – é no universo das mulheres que essa luta entre desejo e conformidade é travada. A ação se passa em meados do século XX, no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro. A vida das protagonistas, duas irmãs filhas da classe média na cidade, é contaminada pela cultura patriarcal e por um calor incontornável.
No roteiro traçado para elas o único espaço possível é o da conformidade. Na contramão dessa força emergem desejos desorganizadores e potentes. Irrealizados ou não e contra todas as probabilidades eles resistem, ainda que transmutados em dor e lealdade que atravessa vidas inteiras, ainda que as vidas vividas não sejam as vidas desejadas. Mas isto não é um alento. O preço a pagar é alto demais e os modos de existência poderiam ser outros, os desejados.
Vale prestar atenção nas cores saturadas e no reino vegetal/tropical que invade a tela como os desejos que nos habitam sem pedir licença.
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