A história da arte foi bastante implacável com as mulheres e pessoas não-brancas. E este apagamento é hoje ativamente combatido por alguns artistas visuais, dentre estes, a brilhantes Harmonia Rosales.  

Nascida e criada em Chicago, Rosales é uma pintora afro-cubana, cujas pinturas surgiram das experiências dela enquanto mulher negra, da paixão pela história e o desejo por impacto social.

A mulher negra, em especial, não somente foi excluída da produção de arte, como também não foi vista, em sua maioria, representada em obras. O trabalho de Rosales vai na contramão, e coloca a figura da mulher negra em posição de poder e adoração, que foram tipicamente reservadas aos homens ou às mulheres brancas. 

A artista reimagina pinturas icônicas, especialmente do renascimento,  entendendo que essas imagens religiosas estão fortemente conectadas à manutenção de poder, o que reforça os padrões de beleza eurocêntricos. É claro que muitas dessas recriações como, por exemplo, a substituição da imagem de jesus por uma mulher negra, não seriam facilmente aceitas por uma ala conservadora, que vêm nas pinturas motivos de blasfêmia. 

Apesar das várias reações negativas que o trabalho de Rosales recebe, o objetivo de promover discussão parece ser alcançado. A arte é uma das principais fontes de reconstrução de eventos históricos, o apagamento de figuras femininas negras na história continua a reforçar o imperialismo eurocêntrico. Estas pessoas colaboraram na construção do mundo que temos hoje, mas sua existência foi obscurecida em favor de uma manutenção de poder e padrões, já é hora de reescrever essas histórias.