Em plenos anos 50, no  Japão minado pela guerra,  um bailarino chamado Kazuo Ono, que começara a dançar só aos 43 anos,  criou o butô, uma dança às avessas. O butô condensa o movimento, e vai liberando a tensão acumulada em gestos lentos e crispados. Com ela, o artista mudou o entendimento do que era ou não dança, e sobre o que ela significava e poderia ser.

Na sua terceira turnê brasileira, já passado dos 90 anos, ele ainda mesmerizava o público.

A visão do artista no palco é destas que não se esquece nunca mais. Kazuo Ono morreu ontem, aos 103 anos. É um dos artistas que moldou o século XX, com imagens sexualizadas, radicalmente fora da ordem, e belas no limite do suportável. Depois da Louise Bourgeois, é outro grande que se vai.