A mostra coletiva que ocupa o Centro Municipal de Arte Helio Oiticica, no centro do Rio de Janeiro, reúne trabalhos de sete artistas, todos eles de Minas Gerais. Agregar pela geografia, no caso, diz pouco. Melhor seguir o eixo que nomeia a exposição, que junta geometria e impureza. A Júnia Penna apresenta um penetrável ecoando Oiticica. Ao contrário dos que ele fez, o dela é industrial na matéria prima e na execução. Ela também modifica a natureza da experiência condicionando o corpo a um encolhimento opressivo no espaço interno. Outro trabalho dela (imagem acima), um empilhamento de recortes/molduras de papelão (como uma ampliação de um slide vazio) inclui uma folha de vidro inserida em alturas diferentes em cada um dos três módulos que formam o conjunto. É preciso se debruçar sobre eles em busca de algo no oco delimitado em diferentes profundidades pela folha de vidro e pela altura do empilhamento. Olhamos e não vemos, mas somos convidados a nos relacionar fisicamente com a obra da mesma forma que com o penetrável.  São esculturas, no fim das contas, mas que acionam nossa participação em um primeiro momento, para nos conduzir a uma espécie de apagamento, do corpo e do olhar.

Pedro Motta, com seus registros fotográficos de ilhas acidentais, criadas na topografia pela interferência humana, seria o mais “impuro” do grupo.

O Renato Madureira apresenta esculturas suntuosas, de grandes proporções, construídas em acúmulos de chapas de metal e é o mais barroco entre eles, (Não deu para esquecer que são todos mineiros.) 

Dos demais não tenho imagem e vai só a citação, mesmo porque, isto era para ser apenas um post e já está assim, quilométrico de caracteres.

O Rodrigo Borges revisita e desordena Mondrian com fitas adesivas em cores puras, aplicadas em linhas sobre caixas de papelão. As linhas de cor extrapolam para a arquitetura engolfando ângulos e desdobrando volumes no ambiente. Da Isaura Pena, conheço um pouco mais. Ela é dona de um desenho potente, realizado com gestos enormes e densas massas de nankim. Nesta mostra, antepõe massas ainda negras, ainda densas e ainda em nankim, mas agora geometrizadas e com um duplo delas, construído em pequenos gestos, frágeis como um rendilhado aberto sobre o fundo claro do papel. Tem ainda a pintura do Ricardo Homen, e uma instalação e uma série de fotos registrando alteração de luz em um ambiente do Chico Magalhães.

A mostra abriu dia 11 de dezembro, já passou por Belo Horizonte, Salvador e Recife, fica no Rio até 27 de fevereiro, e vale a visita.

Rua Luis Camões 68, no centro do Rio de Janeiro