Moda, cultura e contaminação em Milão
Em Milão, as rendas dos vestidos Dolce & Gabbana, que custam 1500 euros, estão nos vestidos de 69 da H&M. As listras e cores da lona Prada, consideradas difíceis no glossário sazonal da moda, estão nas blusas de algodão da Zara, os corais fakes dos acessórios da Moschino Cheap and Chic, mimos pop-naturalistas da estação, saíram de artefatos do século XVI, expostos no Palazzo Reale, e o reflexo da obra do Lucio Fontana, que é da metade do século passado e fica no topo do museu do Novecento, se sobrepõe à Duomo, catedral que é de 1400.
Em Milão a moda migra de endereço e o preço vai junto. A arte migra do museu para a loja, o passado para o presente e os imigrantes definitivamente migram para cá. Falei hoje com um senegalês jovem e triste, que vendia cópias ainda mais tristes do Valentino em Brera. Globalização é palavra gasta, mas a experiência que ele tem dela, e a do indiano que me serviu focaccia em frente à Corso Como, não.
Neste final de inverno, sob sol claro e frio de 13 graus, Milão, que sempre me pareceu obscura e sem graça, apesar da moda exuberante e dos tesouros do passado, continua fazendo moda exuberante e exibindo tesouros da arte e da arquitetura de outras eras. Mas a cidade me pareceu mais bonita, sabe-se lá porque, etnicamente diversificada, e confusa e barulhenta como sempre. Outra novidade é que os turistas brasileiros, bons compradores, simpáticos like always, e falando inglês no momento, são realmente very wellcome here.
Compartilhe a sua opinião!
Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *