Fui com uma amiga ao Shopping Iguatemi em São Paulo. Lá, para minha felicidade, ela decidiu experimentar um Louboutin. Estes sapatos impecavelmente realizados, abusivamente fetichistas, e com status high society, são diabolicamente bem feitos. Eles já haviam passado pelas minhas mãos antes, mas o agito em torno da loja, aberta há quatro meses no Brasil, e a experiência de ver um objeto de moda tecnicamente quase perfeito, não tem preço. O que tem e alto são os sapatos em si, oscilando perto dos três mil e quinhentos reais o par. Mas isso agora não vem ao caso. Além do contato com essa dose superlativa de qualidade, a visita valeu pelos vídeos que rodam na tv da loja. Enquanto acompanhávamos uma garota que toma banho, trabalha, e transa, sem tirar seu legítimo Louboutin, fomos surpreendidos por uma cena de blow job, com os famosos solados vermelhos e os saltos pontiagudos em primeiro plano. Direção de arte abusada esta! Sem fazer concessões, mesmo que direcionada a um público de alto poder aquisitivo, supostamente conservador. Pelo jeito, nem tanto. Então porque é que o luxo no Brasil só é abordado de forma tão chata? A primeira imagem é da colaboração com o David Lynch, em exposição de 2008. A segunda é de um dos sapatinhos infernais. Ambas são de fotodivulgação.