Árvore da vida

Árvore da vida

14 de agosto de 2011 Arte, No Radar 0

Este filme extraordinariamente bonito, nem por isso é fácil. Ele trafega entre campos tão distantes quanto a criação do universo e a microbiologia, a natureza e arquitetura, movendo-se entre o passado e o presente para mergulhar de cabeça em questões que permanecem sem resposta. Além disso, o tom de exaltação, embalado pela grandiosidade religiosa das imagens e da música de Couperin, Brahms e Berlioz, pode afastar sensibilidades refratárias a este tipo de sentimento.

O diretor Terrrence Malick filma pouco e este nem é o melhor filme dele. Ao longo da carreira realizou apenas cinco e todos sem equivalência com outros da história do cinema. Malick é difícil de comparar, e mais uma vez ele permite-se tudo, inclusive dispensar diálogos e entregar-nos por longuíssimos minutos a imagens aparentemente deslocadas da trama, como vulcões em erupção, dinossauros e visões esplêndidas de planetas e galáxias vagando pelo espaço.

Enquanto estabelece um plano de fundo grandioso como palco da aventura humana, ele retrata com precisão hiperreal, a ponto de causar estranheza, as alegrias e dramas de uma família de classe média texana nos Estados Unidos da década de 50. Apesar da subjetividade e da geografia e datação exatas, Malick universaliza a experiência de tal forma que é impossível não criar empatia com o personagem central, o mais velho de três irmãos e alter ego do diretor. Atormentado entre a ternura e a tensão dos afetos em família ele é dos registros mais delicados e ao mesmo tempo doídos que o cinema já fez do fim da infância. O que é tudo isso? Quem olha por mim? Ele se pergunta, clamando por um Deus que não responde enquanto a inocência se esvai irremediavelmente.

Fico tentado a dizer que teria sido melhor se o diretor dispensasse a cena de pós-vida e amenizasse em efeitos luminosos como sinais de alguma Presença superior, mas nada disso importa frente à grandeza imperfeita deste filme incomum.

Brad Pitt faz o pai, Jessica Chastain a mãe, Hunter McCracken, acima, faz o garoto Jack e Sean Penn assume o personagem quando maduro. Tree of Life levou o grande prêmio do último Festival de Cannes

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eduardo:

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