A Oi e a Nan Goldim
Como cabia à Religião no passado e ao Estado aqui e ali, cabe às empresas e corporações financeiras, no que diz respeito às artes, empregar um pouco das imensas quantias que arrecadam e contribuir com a sociedade investindo em cultura. Muitas fazem isso, naturalmente cercando-se de cuidados para abocanhar a contrapartida de divulgação pela qual pagaram. No tempo em que era a religião que investia em arte, ela demandava aos artistas que incessassem santos e mártires e nada ficava de fora do controle dos zelosos ministros de cada vertente da fé. Isso é algo que ficou para trás. O Estado quando se mete nesta área, com alguma chance de dar certo, é apenas para regular os procedimentos legais e criar políticas favoráveis de sustentação financeira. Quando ele tenta dizer o que pode ou não é invariávelmente um desserviço. No momento, como quem manda no mundo são as grandes empresas, seriam elas as detentoras do poder de dizer sim ou não? Pelo jeito, não aprenderam com as experiências dos poderes de outras épocas. O que uma empresa tem a ver com as Artes na atualidade é apenas o mesmo e velho direito de investir nela e cobrar seu retorno promocional. Sem falar que a observação dos direitos democráticos e uma maior sensibilidade para a liberalização dos costumes são dados novos e incontornáveis. O exemplo da Oi, que vetou a exposição de uma artista do quilate de Nan Goldim, é um triste caso da incapacidade de lidar com a complexidade da cultura contemporânea.
Goldim é uma espécie de ícone da fotografia atual, e sem nenhum mofo pousado sobre essa condição. A artista mergulha de cabeça em situações nervosas, dessas palpitantes de realidade e volta de lá com cenas de sexo, drogas e violência na vertente inaugurada pelo rock and roll e pela revolução sexual nos anos 60. Ela faz isso há décadas! A informação é que a Oi contratou a mostra, ao custo de 300 mil reais, pagou pela maior parte da produção e deu para trás na última hora assustada com o teor das imagens. Espanta que a empresa avalie que exibir o trabalho de Goldim no seu “centro cultural” possa prejudicar a imagem da marca. São fotos que circulam o mundo e frequentam as melhores instituições culturais, inclusive no Brasil. Há casos em que as mais chocantes ficam em áreas com aviso de restrição e isso resolve toda a coisa. O tamanho desse gesto de provincianismo é assustador, mas, vou guardar o espanto maior para a absoluta ineficácia da Oi para gerir seu projeto cultural. A operadora foi capaz de contratar uma mostra deste porte sem saber do que se tratava? Verdade? Realmente….Ficou difícil é de confiar nos serviços dela depois dessa. Para terminar, é muito bom poder dizer que o MAM do Rio entrou na briga e vai abrigar a exposição rejeitada pela Oi. Em tempo: o slogan da Oi FM é “Livre, plural e interativa”. Ok, então
Veja, abaixo, um pouco mais do universo da artista que balançou as estruturas e a credibilidade da operadora.
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