A briga dos lançamentos na temporada de moda brasileira
Alguns dados oferecem um retrato do organismo complexo que se tornou a maratona de lançamentos da moda brasileira. Em primeiro lugar, dois eventos objetivamente comerciais, ou seja, cujo gatilho é acionado a partir da rodada de negócios, o Minas Trend Preview e o Fashion Business concorrem na condição de referência de moda com a Fashion Rio e a São Paulo Fashion Week, que estariam investidas da responsabilidade de fazer exatamente isso, dizer o que é a moda para que os negócios se organizem em torno dessa orientação. O Fashion Rio abriga um salão de vendas, também acolhendo alguns desfiles e elevando para cinco o número de focos a serem observados.
Em tempos de economia aquecida, esta simultaneidade, com todos os gastos que ela envolve, até se sustenta, mas há um excesso nesta força toda que mais cedo ou mais tarde deverá ser aplainada. Melhor que não seja pela inviabilidade financeira e sim por estratégia e planejamento. No que diz respeito às duas semanas de moda, que compartilham uma mesma gestão, e se enfrentam disputando atenções e investimentos, já se fala em novos fomatos. Eliminar o inverno no Rio seria uma possibilidade. Alternar estações, com Rio fazendo Verão e SP o inverno, é outra. Alterar o calendário é uma medida que pode dar bons resultados. Caracterizar o que seria lançamento própriamente dito, com as duas semanas saindo bem na frente dos salões de negócio poderia contribuir para dar outra feição aos desfiles e aliviar a pressão dos criadores.
Coladas no tempo do mercado, e sob a urgência das vendas imediatas, as semanas de moda correm o risco de se parecerem cada vez mais com show rooms, privilegiando a roupa de giro rápido e emagrecendo a parte criativa.
Imagens, de cima para baixo: interior da SPFW, multidão transitando no FRio e desfile da Maria Bonita, responsável por um dos melhores desfiles da temporada. Cortesia Agencia Fotosite.
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