Ghesquiére é um perfeccionista e não é a toa que está à frente da casa que carrega a tradição de um dos criadores de roupas mais rigorosos da história. Nessa edição ele levou o desfile da Balenciaga para o topo de um arranha céu e a coleção para a fronteira -nos termos da tradição visual da moda- do que é bom ou mau gosto.

O estilista promoveu cruzamentos insólitos de animal prints com áreas de cores fortes, optando por vestidos cheios de recorte curvos e calças de cintura alta em tecido metalizado. Pode-se dizer que são passagens difíceis, mas a Balenciaga sempre esteve aí para forçar limites. Se em vários momentos essa abordagem hi low cria imagens questionáveis, ela também rompe com classificações fechadas dentro do ambiente de uma grande marca e são executadas sob técnica impecável.

À forma arquitetônica, inflada e em suspensão como é característica da casa, Ghesquiére aplicou cortes transversais, criando painéis entre transparência e massas sólidas de tecido encorpado, submetendo também a tradição da roupa clássica a experimentações de rara competência. É para amar ou odiar.