Man Ray entre dois mundos
A arte costuma manter certa reserva em relação à moda, eventualmente tratada como parente frívola e comercial. Indiferente a isso, Man Ray instalou uma pista de mão dupla neste terreno minado e fez fama e fortuna na Paris dos anos 20.
Ele ajudou a inventar um novo jeito de fotografar moda e simultaneamente um método moderno de se fazer arte, embebido no desprendimento técnico e no espírito anarquista dos movimentos dadaísta e surrealista.O contexto, na verdade, mostrou-se amplamente favorável, já que em nenhum outro momento da história repetiu-se a simbiose entre arte, moda e sociedade que agitava as festas da capital francesa, coalhadas de artistas geniais, ricos consumados, milionários de última hora e profissionais de moda do calibre de Paul Poiret. Recém chegado de Nova York, Man Ray mergulhou fundo na sopa hedonista do pós-guerra. Para ele, Marcel Duchamp, Jean Cocteau, Brassai e Salvador Dali, entre outros que faziam da cidade seu campo de atuação, estava perfeitamente claro que a cultura de massa era um terreno fértil para o artista moderno. A atmosfera de renovação intelectual reinante era intensificada por um grande número de publicações que defendiam a interatividade entre áreas dIferentes. Man Ray adaptou-se excepcionalmente bem à situação, retratando personalidades como Chanel, Picasso, James Joyce e Gertrude Stein, além de criar editoriais de moda para a Vanity Fair, Charm, Vogue e Harper´s Bazaar.
Apesar da discreta omissão dos registros da história da arte, Man Ray foi um fotógrafo de moda completo, sem nenhum prejuízo para o artista brilhante que ele também foi. EUA, 1890 – Paris, 1976.
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