A moda tem direito de fazer de tudo uma inspiração?

A moda tem direito de fazer de tudo uma inspiração?

3 de novembro de 2021 Arte, consultoria, Digital, Moda, Opinião 0

Em 2016, uma coleção de verão do estilista americano Marc Jacobs foi chamada de “insensível” pela imprensa por ter estilizado e embranquecido os dreadlocks. Muita poeira foi levantada e com ela, o questionamento: a moda pode fazer de tudo uma inspiração?

Falando dos dreadlocks: o termo – que significa algo como tranças ou cachos abomináveis – foi cunhado por colonizadores ingleses ao enfrentaram um exército de jamaicanos que prometeram não cortar mais seus cabelos até que toda a negritude em Diáspora pudesse retornar ao continente-mãe. Na coleção de Jacobs, a modelo Gigi Hadid usava dreadlocks coloridos, entre outras modelos brancas.

Este ano, uma coleção da Alexander McQueen reacendeu a discussão em torno da apropriação cultural — alguns dos vestidos exibiam desenhos que foram comparadas a xilogravura de cordel. Mas o que é apropriação cultural exatamente? Trata-se de um conceito da antropologia que descreve o que acontece quando elementos de uma cultura específica são levados para fora de seu contexto e de seu significado por algo ou alguém que não pertence àquela cultura.

Quando isso ocorre, alguns pontos se impõe: um é a questão da jurisprudência — que pode ser imprecisa em razão das fronteiras móveis da caracterização do que é ou não é apropriação, ou do que pertence estritamente a um grupo cultural ou a uma cultura. Essa situação pode gerar pareceres diferentes de um caso para outro.

Outro ponto a se considerar é que a apropriação cultural é também uma herança da cultura colonial. Atualmente, vivemos uma revisão dessa prática com grandes museus, por exemplo, devolvendo tesouros e artefatos que foram tomados de outras culturas.

Por isso, a aplicação conjunta de legislações que regem a propriedade intelectual e o patrimônio cultural podem ser uma saída. Mesmo considerando a importância de haver uma jurisprudência sobre o assunto, fica o questionamento: as marcas não teriam condições de avaliar em que momento estão cruzando a linha ética?

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