A música eletrônica não nasceu ontem
A música eletrônica, que não nasceu do dia para a noite, está perto de virar uma senhora centenária. Entre os precursores mais ilustres do passado vamos citar apenas os Futuristas, que, na ânsia de celebrar a modernidade inventaram a noise machine ou Intonarumori. Era para fazer barulho mesmo, reproduzindo o caos urbano que fascinava a vanguarda da época. Eles ainda não estavam plugados na tomada, mas faltava pouco. Depois deles vieram outros, mas vamos dar um salto para a década de 50, quando o John Cage -sempre ele- criou o projeto Music for Magnetic Tape. Aí sim já ligado em muitos volts. Mas esta é apenas uma introdução. O que nos interessa aqui são dois precursores da vertente pop do eletrônico que ouvimos hoje.
Toda vez que se fala em pioneiros da música eletrônica a conversa chega no Kraftwerk. De fato, o quarteto alemão (em sua formação clássica) tem uma obra indiscutivelmente seminal neste terreno.
Bem antes deles, entretanto, lá estava a inglesa Delia Derbyshire. A peça mais famosa de Delia é o tema de abertura do seriado Doctor Who, de 1964, portanto seis anos antes da fundação do Kraftwerk. Apesar de eletrônica, a música de Delia era produzida de maneira quase artesanal: registrando sons em fitas magnéticas e depois as recortando manualmente para rearranjá-las em loops. Ainda assim, algumas de suas composições parecem criações recentes.
Outro precursor é o Raymond Scott. Qualquer um que tenha assistido desenhos animados americanos, produzidos da década de 50 para cá, já ouviu Raymond Scott sem juntar o nome dele àquelas trilhas incidentais que davam vida às peripécias acidentadas dos personagens. Na verdade Scott foi um compositor de jazz que nunca criou uma peça para desenho animado. Sua ligação com o meio vem da venda de suas composições para a Warner e do interesse do então diretor musical da companhia em adaptar suas obras para os cartoons. O mais curioso é que ele tinha a pretensão de fazer a “música do futuro”. Tanto que em 1946 fundou a Manhattan Research apenas para pesquisar e manufaturar seus instrumentos. No início dos anos 50, Robert Moog (o inventor do célebre sintetizador de mesmo nome) desenhou algumas placas de circuito para a Manhattan Research. Moog afirmava que Scott estava definitivamente “na vanguarda do desenvolvimento de tecnologias de música eletrônica e na vanguarda de seu uso comercial.”
[audio:http://www.radarconsultoria.com/blog/audio/fiddle.mp3|titles=Fiddle no further|artists=Raymond Scott]
É irônico que ele tenha passado para a história como o grande compositor de clássicos do Patolino. Confira no www.delia-derbyshire.org e no http://raymondscott.com/FAQ.htm
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