As mãos que não dormem na Fundação Hermès
A Fundação D’entreprise Hermès inaugurou, no dia 24 de Novembro, a ‘Les Mains sans sommeil” (As Mãos que Não Dormem, em tradução livre), uma exposição que reúne obras de artistas participantes do Programa de Residência realizado nas oficinas Hermès durante os últimos três anos. A mostra é uma interessante investigação sobre a construção de linguagens não-verbais e desenvolvimento de comunicação gestual entre os artesões das oficinas e os artistas observadores. Fica aberta ao público até o dia 7 de janeiro de 2018 no Palais de Tokyo, em Paris.
Desde 2010, a Fundação D’entreprise Hermès tem convidado artistas visuais, orientados por figuras líderes da cena contemporânea, para examinar as habilidades artesanais excepcionais praticadas nas oficinas da Hermès, na França. O programa anual oferece aos artistas a liberdade de criar e produzir novas obras com os melhores materiais (seda, couro, prata, cristal), em colaboração com os artesãos da oficina.
Cada residência é uma aventura criativa única, desafiando os artistas a repensar sua prática em um contexto novo. Nessa segunda edição, a mentoria é de Jean-Michel Alberola, Ann Veronica Janssens e Richard Fishman.
Em conversa com artistas e artesãos do Programa, GaëL Charbau, curador da exposição, percebeu a importância de uma comunicação não-verbal, de ações e posturas essenciais para a comunicação de conhecimento, sentimentos e emoções dentro das oficinas.
O exemplo mais impressionante para ele foi a fabricação de cristal de Saint-Louis, onde o nível de ruído evita que os mestres de vidro se comuniquem verbalmente. Os visitantes do local se espantam com os gestos e atitudes precisas com as quais os artesãos se comunicam. É uma espécie de coreografia atemporal, ditada pelo ritmo do processo da produção de cristais.
“Com ‘Les Mains sans sommeil’, meu objetivo é concentrar a atenção nos movimentos e gestos que permitem a metamorfose da matéria-prima — não apenas gestos conscientes, resultado de uma coordenação do corpo, mas a autonomia adquirida da mão especializada em particular, que atua como se estivesse separada do controle mental. Artistas e artesãos são os repositórios desse fenômeno. Eles tomam abordagens paralelas e complementares: os artesãos transmitem gestos guiado pela experiência, enquanto os artistas inventam outros formatos, atravessados por um espírito de laisser-faire”, finaliza Charbau.
Esse encontro experimental entre artesões e os artistas Bianca Argimon, Jennifer Vinegar Avery, Clarissa Baumann, Lucia Bru, Io Burgard, Anastasia Douka, Célia Gondol, DH McNabb, Lucie Picandet pode ser conferido até o dia 7 de Janeiro de 2018, no Palais de Tokyo, em Paris.
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