Beleza insuportável
A sequência de abertura, ao som de Haendel, é um destes momentos em que o cinema envolve a tal ponto que você se deixa conduzir de bom grado para o desastre. E, no caso, ele é enorme. O Anticristo do Lars Von Trier é um filme sobre perdas e danos. Sejam eles momentâneos ou transcendentes o preço a pagar é muitíssimo alto. Nada se redime, natureza e cultura conspiram em um cruel pas de deux de masculino e feminino, inferno e paraíso, amor e maldade extrema, beleza e horror. Gozam e padecem os personagens, gozam e padecem os expectadores. Na estréia do filme em Cannes, o crítico Baz Bamigboye, do site do jornal inglês “Daily Mail”, indignou-se com a mistura crua de sexo, fábula, terapia e terror a ponto de pedir explicações ao cineasta. Von Trier mandou o crítico passear e disse que não havia o que explicar. Finalizou o bate boca afirmando que é o maior cineasta do mundo. Há momentos tão incrívelmente bonitos e reveladores no filme que fui obrigado a concordar com ele. São todos aqueles em que você não odeia Lars von Triers, pelo inferno que ele lhe obriga a compartilhar.
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