Boîtes à musiques
Outro dia, andando pela Av. Paulista topei de surpresa com uma deliciosa exposição sobre caixas de música no Centro Cultural Fiesp. Foi como fiquei sabendo que, se fosse um habitante do século XVIII já naquela época poderia comprar e botar para rodar minhas músicas preferidas.
Os suiços inventaram o cilindro, que acionado por corda e por um breve tempo enchia o espaço com notas musicais.
Os alemães entraram com os discos de metal, precursores do vinil, e aí já era possível adquirir o Vivaldi preferido, ou a última do Bethoven na loja ao lado. Como isso evoluiu todo mundo sabe, mas o processo é impressionante. Assim como o som que emana destas caixas fantásticas, até hoje fabricadas em Sainte- Croix, uma pequena cidade Suiça. Teria passado batido pela exposição, não fôsse uma monitora entrar em cena e colocar as fantásticas engenhocas para funcionar. E elas fazem bonito até hoje, quase duzentos anos depois, espantando tédios retroativos e imaginários com som impecável. Explico: é que na minha percepção do século XVIII seria preciso ficar à espera de um concerto aqui, um bailinho ali e, no resto do tempo, viver condenado a um silêncio apavorante. Nada disso.
Esta é uma precursora das juke-box, acionada por moedinha em lugares públicos. A exposição se chama “a arte na mecânica do movimento”, trata dos artefatos mecânicos de reprodução de som, e apresenta também uma seleção de autômatos, precursores dos robôs capazes de realizar movimentos. Valeu cada minuto. Se for até lá, não dispense a monitora. Ela sabe tudo e tem o poder de liberar ambas as coisas.
A primeira imagem do post é de um autômato atual, assinado pelo François Junod, que herdou as técnicas do passado e segue criando até hoje. Apenas uma empresa em Sainte-Croix, a Reuge, se mantém fabricando as caixas de música. Hoje em dia elas são vendidas como peças de luxo, em desenho atualizado e nem sempre do melhor gosto. São peças de execução perfeita e disputadas por colecionadores.
Até 30 de junho na Av Paulista 1313, Centro Cultural FIESP. SP.
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