CASA DE CRIADORES MERECE MAIS
O mínimo que se pode dizer da Casa de Criadores é que ela um dos raros redutos de resistência para o que se entende como experimental na moda. Encerrando sua 41 edição, mais uma sob o comando do fundador André Hidalgo, só esta contabilidade deveria confirmar a condição.
Este número – impressionante sob qualquer ótica de avaliação- também deveria render um prêmio tipo Lifetime Achievement para Hidalgo. Fosse este país justo com seus realizadores, assim seria. Mas nem é esta a realidade e nem só por este número ele seria merecedor. Ao funcionar como plataforma de lançamento a Casa cumpre inúmeros e relevantes papéis na cena. Mas é ao se manter fiel às origens que ela opera como uma espécie de escudo protetor contra as pressões exercidas sobre os criadores de moda, sempre compelidos a ajustar suas linguagens à geleia morna da gramática geral.
A conformidade é uma praga nas zonas criativas. Na moda ela é uma faca de dois fios com ambos os lados do corte se equivalendo em urgência e importância. A dificuldade de manter o equilíbrio neste fiapo de lógica complexo resulta em baixas abundantes. Neste cenário, a Casa se transforma efetivamente em abrigo e teto, sem nem ao menos ser fisicamente um.
Nos últimos anos, o peso de outra condição da Casa, a de palco, cresceu de maneira exponencial. Tem mais gente virando as câmeras, dedicando palavras e espaços de divulgação para o que acontece por lá. Ainda assim, amigos editores, jornalistas, blogueiros, facebookers e instagramers; agentes culturais, professores de moda, políticos com algum traço de consciência do seu papel, empresários e empreendedores da velha e da nova geração: é pouco. A Casa merece mais.
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