Como foi o primeiro dia da SPFW N43
O primeiro dia do SPFW N43 foi marcado por uma adaptação comercial, mas não necessariamente em detrimento da qualidade das peças apresentadas. A complexidade econômica e as incertezas do mercado atual é inegável e não é possível ignorar o impacto delas na indústria criativa. Infelizmente, nesses casos, a criatividade pode ceder lugar ao apelo comercial.
No desfile de abertura, Vitorino Campos, a frente da Animale, trouxe referências italianas à coleção. Simetrias, fendas profundas, jeans, babados e estampas vivas foram as características mais marcantes de uma proposta muito bem construída e coesa. Uma forte coleção para a abertura do evento. Se Vitorino quis referenciar a moda italiana, marcada por estética característica, conseguiu muito bem adaptá-la para o cenário nacional.
A UMA levou bastante a sério o apelo comercial do see now buy now: desfilou uma coleção que inclusive já estava disponível para compra antes da apresentação na SPFW. Raquel Davidowicz se disse mais atenta a sua consumidora, esperando atender às expectativas dela na coleção desfilada. Preto e vermelho, espaçados por alguns tons de cinza e branco compuseram a paleta de cores. Uma modelagem leve e que, em conjunto com a escolha dos tecidos, priorizaram o conforto.
João Pimenta, terceiro desfile do dia, exerceu o seu melhor com um toque gótico misturado à alfaiataria desconstruída. Seguindo o novo modelo adotado há duas edições pela SPFW – o see now, buy now -, Pimenta seguiu as pistas dos seus consumidores para nortear as peças que mostraria na passarela. Brincadeiras entre proporções, recortes não usuais, bordados e aplicações, além da estampa de múltiplos esqueletos foram gratas surpresas que sustentaram o caráter de inovação da coleção. Que ainda contou com tecidos e modelagens esportivas misturadas a alfaiataria, um forte recurso usado por João Pimenta, um dos principais nomes da moda nacional.
A Osklen, marca que fechou o primeiro dia de desfiles, apresentou o que faz muito bem: preservou a estética minimalista e concentrou-se na escolha de tecidos naturais que proporcionam maior conforto. Inspirada na Islândia, a coleção contava com uma paleta de cores off-white e coloridos pastel, o que corroborou ainda mais com a exaltação do DNA da marca.
Se o primeiro dia embalar os demais, sabemos o que esperar: maior preocupação com vendas e reconhecimento comercial. Algo natural e compreensível para o período que a economia brasileira se encontra, ainda mais em se tratando da abatida indústria de moda nacional. Porém, a mesma angústia atinge nosso sistema político. Todas as outras semanas de moda internacionais até agora souberam exercer seu papel cultural abrigando críticas contra o conservadorismo, xenofobia, machismo e lutas de minorias. A esperança é que a moda brasileira se pronuncie em prol da sua própria valorização.
Compartilhe a sua opinião!
Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *