De Londres: Adrián Villar Rojas
Difícil descrever o impacto a que ficamos sujeitos ao visitarmos a The Serpentine Sackler Gallery, o novo prédio da velha galeria Serpentine, também dentro do Hyde Park. Entramos no discreto edifício neoclássico, ladeado por uma delirante estrutura concebida por Zaha Hadid, pela porta lateral e nos deparamos com o imenso elefante criado pelo artista argentino Adrián Vilar Rojas. O animal, uma escultura realista de concreto. parece ter investido contra a parede interna da galeria e de alguma forma levado a pior no embate. Ele tem as pernas dianteiras dobradas sob o peso do golpe e do próprio corpo, cuja parte posterior projeta-se absoluta no espaço à volta. Convidado para realizar a primeira exposição da Sackler, Villar Rojas concebeu a instalação concentrando-a no miolo do prédio, duas salas que efetivamente serviram como depósito de pólvora no passado. Além de submeter este volume central ao impacto do golpe metafórico do animal, ele revestiu as paredes com volumes também em concreto, forrou todo o piso da galeria com tijolos aparentes e estreitou o acesso às duas salas. Uma delas está vazia e é pouco iluminada. Em contraste, a outra é ocupada por enormes prateleiras que chegam até o teto, repletas de esculturas de cimento mesclado a outros materiais e objetos. Ao percorrer o espaço topamos com uma furiosa variedade de formas de pássaro, animais, partes de corpos, plantas vivas, batatas que germinam…
Depois de ter cruzado as camadas da estrutura, o contato com esta profusão de peças no interior dela é devastador. Estamos na barriga de algo, na tumba de uma arqueologia improvável e imprevisível. Grande exposição esta. E em um local espetacular. Anote aí: quando em Londres, não deixe de conferir.
De Londres: Eduardo Motta e Fernanda Daudt
Fotos Radar / telegraph.com.uk
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