DFB Festival 2019: Segundo dia
A segunda noite da maratona de desfiles da edição 2019 do DFB Festival estava lotada. O público do lado de fora era um show a parte, com produções dignas de tapete vermelho. Nas salas de desfiles, as apresentações ficaram por conta da Saldanha, Cariri Visceral + Bruno Olly, Jangadeiro Têxtil, Rendá, David Lee e Wagner Kallieno.
A Esc, marca carioca apresentada pelo Senac RJ, fez sua estreia no Dragão abrindo o dia na passarela externa. Da cartela dos vinhos ao cinzas, a Esc trouxe body bicolor, saída de praia entrelaçada e biquínis com modelagem experimental. Moda praia para todo mundo ver sem necessidade de convites e seguranças barrando a entrada. Hiper democrática e generosa esta iniciativa do Dragão.
Saldanha é outro dos muitos e bons designers jovens que se apresentam no Dragão. Inspirada nos ventos, com alusões ao deus grego Éolo nos releases, a coleção é um mar de peças brancas pontualmente salpicado por um tom de amarelo e um de terra. Tudo parece dançar ao ritmo brincalhão e desordenado dos ventos que sopram sem cessar por aqui. Assimetrias, transparências e volumes inflados como velas incorporam a energia eólica que impulsionou o desfile do começo ao fim.
O desfile da Jangadeiro Têxtil, uma tecelagem, foi outra reafirmação de leveza e calor dos trópicos, Muito branco valorizado por estampas digitais e rotativas grandes e multicoloridas. Quem cuidou da coleção foram Gisela Franck e Marina Bitu.
Uma turma de estudantes do Cariri, esta mítica região do Nordeste brasileiro, aportou na passarela trazendo coleção/narrativa dos mitos e riquezas da região. Daí o nome: Cariri Visceral. Só aplausos para o talento destes meninos e meninas conduzidos com competência pela Ariane Morais, professora do Senac. Semana de moda autenticamente nacional e dedicada ao talento jovem, o Dragão cumpre o que promete sem hesitação: se o futuro não vem da educação, de onde viria, não é mesmo?
Bruno Olly levou boxeadores belicosos para passarela e garantiu perfomance contundente recheada de boas ideias. Doudounes perfeitamente acolchoados feitos com saco de aniagem? Acreditem, ele conseguiu fazer. Habilidoso e inventivo o rapaz.
Ao som de um sanfoneiro tocando ao vivo, a Rendá, como o nome sugere, poderia ser pura renda. Só que não. Embora a renda ocupe lugar central, vaporosos tecidos planos, com estampas florais também deram vida a vestidos longos e midis. Tudo leve. Tudo um eterno verão.
Recém chegado de participação internacional e com todas as atenções voltadas para ele, David Lee, apresentou equilíbrio nesta edição do Dragão em coleção precisa e delicada. Lee é um autor singular, assimilável para o gosto comercial, mas sutilmente poético e transgressor. Hábil em lidar com oposições como esta, o rapaz dá mais um passo importante para firmar-se como legítimo representante da nova geração da moda brasileira. Um talento lapidado, e com muito a oferecer.
O desfile do Wagner Kallieno é habitado por blazers de ombros estruturados, mangas presunto, bermudas ciclistas e estrelas na estamparia. A bússola aponta sem equívoco para os anos 80, estética que recorrentemente interessa a identidade da marca. Fechou o dia esbanjando energia.
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