DFB Festival 2019: Terceiro dia

DFB Festival 2019: Terceiro dia

20 de maio de 2019 Moda 0

Kallil Nepomuceno. (Foto: Nicolas Gondim)

O terceiro dia da edição 2019 do DFB Festival impressionou novamente, atraindo um número enorme de pessoas para o Aterro da Praia de Iracema. Dentro das imensas lonas, imprensa e público se acotovelavam para desfrutar das apresentações. Do lado de fora, na movimentada via pública, os transeuntes, e quem não retirou seu ingresso a tempo, acompanhavam em tempo real o que acontecia nas salas de desfiles pelo telão. O Dragão é, de fato, um evento democrático em máxima potência.

A noite do terceiro dia começou com o desfile da marca Marju, no espaço aberto do Dragão e, em seguida, partiu para o Concurso dos novos, exibindo as criações da próxima geração de designers. A noite ainda contou com apresentações de Jeferson Ribeiro, Matias, Melk Z-Da, Rota Jeri, Lindebergue Fernandes e Kallil Nepomuceno.

Jeferson Ribeiro criou clima na sala de espera, com trilha poderosa e batida enigmática, misturando umbanda com música local. O desfile foi entregue em tom cirúrgico: peças perfeitamente cortadas arrematadas por cinto grande com fivela branca. Os sapatos plásticos, da parceria com a Melissa, funcionaram como extensão dos vestidos, acentuando o efeito de palidez. Uma espécie de paciente fashionista, adornada por mangas bispo e rosto arrematado por maquiagem pálida, seria uma descrição da mulher do designer. Bolsos utilitários e peças de sarja, insinuavam uma linha workwear chique.

A Matias levou o homem corporativo para a praia. Desfilando sobre uma faixa de areia colocada no centro da passarela, os rapazes conduziram uma série de camisas azul marinho, com padronagem genérica ou lisa. A calça de alfaiataria de sarja não se afastou muito da seleção de básicos de uma loja de departamento, apesar do cinto de corda introduzido no styling. A beleza natural dos modelos reforçou a opção pelo convencional. O ponto alto da apresentação veio da única modelo feminina dentro de uma bermuda de alfaiataria oversized com bolsos grandes. Correto, mas sem ousadias, o desfile concentrou-se na camisa branca e na calça jeans de todo dia.

A primeira peça da Melk Z-Da a cruzar a passarela rapidamente disse a que veio: o blazer de linho alongado com um bordado orgânico em um dos ombros abriu espaço para uma série de peças de linho bordado que se desfez belissimamente em peças de crochê e seda em tons quentes, simulando a passagem do pôr do sol em ebulição. A inspiração é o universo do chá, com nome e imagens da flor hibisco transitando por várias rotas dentro da coleção. Os quimonos com estampa de lenço ou os vestidos estampados vieram ora com bolsas em formato de bule, usada como colar, ora acompanhados por maxi bolsas em formato de guarda-chuva fechado. A trilha sonora perturbadora marcou as passagens dos looks: da egípcia moderna ao vestido de alta-costura em tule. É o oriente perfumado da marca!

A Rota Jeri, ou Rota das Emoções, que atravessa o Ceará, o Piauí e o Maranhão, foi o ponto de partida para a coleção de mesmo nome apoiada pelo Sebrae para promover as potencialidades artesanais deste marco geográfico do Nordeste. Os estilistas Deoclys Bezerra e Beatriz Peixoto assinaram a coleção que contou, também, com a parceria do organizador do Dragão, Cláudio Silveira. Motivados a apresentar a beleza da cultura de uma das regiões turísticas mais famosas do país, o pool de criadores apresentou beachwear e pós praia em tramas manuais, belos crochês ondulantes e salpicou o mix com um eletrizante verde neon.

Você sabe qual é a última moda da terra? Para Lindebergue Fernandes é o brega (que é chique – e muito possivelmente sempre foi). Aqui, o Camp é a palavra de guerra e a cafonice desenfreada é instrumento de batalha. Na passarela, as plumas e paetês viraram pérolas e crochê. Na camiseta, o discurso é claro: boy lixo não tem vez. E o deboche é certo: oitentismo ostentatório tem peso maior. Tic tac coloridos no cabelão frisado, maquiagem carregada nos borrões e todo o tipo de clichê-bibelô: gatinhos na estampa e gatões na passarela com pinta de anos 70. Patchwork em jeans, bodies do babado e laçarotes para todo o lado: prepare o espumante, na passarela de Lindebergue, a festa nunca vai acabar!

Quando as primeiras batidas de Vogue, da Madonna, soaram, a adrenalina correu no corpo de quem, por ventura, estivesse um pouco cansado da jornada de desfiles. E quando todos ajustaram melhor a postura, a modelo escoltada por dois zéfiros mascarados fez sua entrada como uma Vênus, num esvoaçante vestido azul com anjinhos gregos boiando no céu. Os vestidos de festa com savoir-faire digno de Alta-costura disputaram espaço com jaquetas college e tênis iate ou com camisas bufantes com aspecto de lurex e casaquetos brocados. Vestidos midi cinquetistas cederam lugar a blazers de lantejoula e bodies transparentes e floridos acompanhando vestidos com rosas grandes. É o vouguing estrelado e à romana de Kallil Nepomuceno.

 

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