Fashion Week de Milão
Milão, reduto da forte cultura de moda italiana, abriu caminho para as inovações. Marcas tradicionais, caso da elogiadíssima Gucci, da Versace e da Prada conseguiram a proeza de sair na frente.
A última coleção Gucci, inspirada na alquimia, transformou, de fato, o produto do desfile em algo precioso. Não há no momento quem saiba misturar padronagens, estampas, cores e estilos como Alessandro Michele. A procura pelo ouro desse talentoso diretor criativo, tem dado certo. Muito certo. No backstage do desfile, e com a confiança lá em cima, ele afirmou que o que mais gosta é não precisar pensar se algo é moda ou não. Nada como ter o suporte de uma Gucci para soltar a imaginação e o verbo.
Dessa vez com voz política forte, Donatella Versace não deixou de lado a sensualidade característica da marca, mas com palavras como “Equality”, “Courage”, “Power” e “Unity” alinhou a Versace com o descontentamento político geral. Degradês, looks muito bem construídos, esporte, e principalmente uma alfaiataria poderosa, tão viva quanto precisa, defenderam o posto de grande marca da Versace em potência máxima.
Outra marca símbolo de Milão, a Prada, manteve o tom político de forma não tão narrativa. Em cenário alusivo ao filme “Cidade das Mulheres”, dirigido por Federico Fellini, a coleção trouxe figuras femininas fortes, de sutiãs à mostra e sensualidade explícita. Inteligentemente, Miuccia guardou os questionamento sobre valores machistas para entrevistas concedidas no backstage.
Giorgio Armani apresentou alfaiataria marcada por cores vivas e marcantes. A receita de base clássica, desta vez com veludo aplicado em calças e blazers, as novas propostas de texturas e silhuetas bem desenhadas rendem bem para a marca. No tapete vermelho do Oscar, nove atrizes optaram por vestir Armani.
Marco de Vincenzo, um dos novos nomes da Fashion Week de Milão, uniu classe e bom humor em cores vivas e peles. O avassalador “efeito Gucci” incide um pouco sobre a coleção dele.
À Frente da MSGM, outra marca da nova leva italiana, Massimo Giorgetti não arriscou como poderia. Ainda assim, apresentou um bom trabalho imprimindo unidade a uma mistura difícil de estampas de florestas, motivos florais, padronagens geométricas e peles.
A margem de manobra financeira e o peso do nome sustenta as mudanças que vemos nas marcas tradicionais. Em contrapartida, no geral, marcas novas pareciam mais contidas e não avançaram muito, talvez por considerarem o momento delicado para experimentações. O sintoma não é bom, considerando que é sobre elas, e sobre essa geração de diretores criativos, que se concentram as esperanças de renovação da moda italiana.
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