Flying Solo: O templo dos designers emergentes em NY
Provérbios e ditados existem por algum bom motivo e, para quem sabe reinventá-los, o saldo é mais do que positivo. A loja nova-iorquina Flying Solo tem raiz em uma dessas máximas: a união faz a força. E é nessa linha de juntos-somos-mais-fortes, que acabou por implementar um modelo de negócio e um templo para designers emergentes, compactuando com as novas formas que a moda encontrou para se organizar e, assim, sobreviver.
Para a Vogue, a Flying Solo está rompendo com a industria convencional. Para o The New York Times, ela é um modelo para o futuro. Para o WWD, é o futuro do varejo. Seja como for, a loja coletiva instalada no West Broadway em Manhattan, vizinha da Prada, Missoni e Donna Karan, está, de fato, revolucionando as experiências de compra.
O início desta história remonta ao ano de 2016, quando os pesares e desconfortos de abrir uma loja própria passaram a importunar a jovem designer de jóias Elizabeth Solomeina. “Eu precisava de um lugar para vender minhas coisas, precisava de uma base de clientes”. Então, no verão daquele ano, alheia aos custos e empecilhos administrativos de um negócio de varejo e ciente de que o talento dos novos designers precisa de um lugar para exibição, ela decidiu se unir a mais de 30 outros designers emergentes e juntos, arrecadaram fundos para abrir uma butique chamada Flying Solo na Mulberry Street, em Nolita. Em três meses, o grupo expandiu para 45 designers. Em junho de 2017, ela cresceu novamente, adicionando mais de 20 à lista e mudando-se para uma loja de dois andares na West Broadway.
Dali em diante, a Flying Solo passou a desfilar também na Semana de Moda de Nova York. O desfile inclui uma variedade de visões estéticas. Em uma apresentação de duas horas, mais de 350 looks são montados para exibir jóias, bolsas, sapatos e roupas dos 70 designers integrantes da loja. Todas as peças estão disponíveis imediatamente após o show.
Hoje, a Flying Solo é uma loja conceito única, operando com designers independentes de todas as partes do mundo. Dentro deste modelo cooperativo, os designers contribuem com uma certa quantidade de tempo por semana para trabalharem na loja. A ideia é que os clientes se beneficiem de falar pessoalmente com os designers sobre as peças em que estão interessados, enquanto os designers se beneficiam obtendo feedback direto dos clientes sem ter que lidar com um intermediário.
Essa conexão mais pessoal entre os clientes e as peças parte também da maneira como elas são feitas, na maioria das vezes, em produções limitadas. Nenhum produto é igual ao outro e o atendimento faz uso dessa dinâmica. A coisa toda funciona muito bem, como mostram os números e o prestígio ascendente da loja.
Fernanda Daudt, que também é colaboradora da Radar — atualmente vivendo em Nova York — é integrante da Flying Solo com a Volta Atelier. A marca produz bolsas com material de reaproveitamento de resíduos de indústrias do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul. A mão de obra é totalmente artesanal, com artesãs locais e mulheres imigrantes haitianas fortalecendo as raízes sociais do consistente projeto da Volta.
O surgimento de negócios como este ajudam a transformar a cultura de moda, proporcionando uma experiência de compra de produtos realmente exclusivos e promovendo formas menos onerosas de marcas jovens alcançarem visibilidade. A ideia é que designers independentes parem de trabalhar uns contra os outros e percebam que, para sobrevivência dessa indústria, deverão estar todos voando juntos.
A Flying Solo não inventou a roda com este modelo de negócios, mas sabe fazer ela girar como poucos.
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