Fonte FUTURA embala ousadia de três criadores

Fonte FUTURA embala ousadia de três criadores

13 de setembro de 2018 Moda 0

“Se você achou que a helvetica definiu o modernismo, você entendeu tudo errado” diz o livro Never Use futura.

Criada por Paul Renner em 1924, sóbria, neutra, elegante, bem equilibrada e legível em corpos grandes, mas também em texto corrido, a Futura apresenta as características preferidas pelos designers vanguardistas dos anos 20 e 30. Ela já foi sinal de progresso e promessa de esperança, serviu para criticar o capitalismo e veicular ideias de subversão às autoridades; vendeu sonhos e expectativas (e sapatos e carros, também) a milhões de pessoas. Foi a fonte escolhida para estampar as missões Apollo, incorporando o ideal de aspiração cósmica da corrida espacial. Como tudo na moda volta, a tipologia marcante da Futura retorna ao posto de revitalização, com três casos recentes para provar. 

É Louis Vuitton. É Nike. E pode ser também Burberry a mais nova adepta da futura. Com a entrada do estilista italiano Ricardo Tisci na casa de moda inglesa — e levando em consideração seu passado disruptivo na francesa Givenchy — era esperado que muitas mudanças acontecessem, tanto nas ações, quanto nas imagens. A primeira parte já está acontecendo: a Burberry declarou o fim do uso de peles e também da queima de produtos não vendidos, deixando feliz uma parcela considerável de ambientalistas.

O antes e depois do logotipo da Burberry.

A segunda parte também está acontecendo. Tisci atualizou o logotipo da marca, abandonando as serifas e o viés clássico. A nova versão incorpora a herança da marca, mas sugere as coordenadas culturais que a Burberry pretende tomar. Esse pacote de atualizações de Tisci também inclui um monograma, desenvolvido por Peter Saville, lendário designer gráfico britânico conhecido pelas capas dos discos do New Order.

O monograma da Burberry criado por Peter Seville.

A história da fonte futura aporta em outra grande marca com outro designer recém contratado. Na semana passada, Hedi Slimane revelou o novo logotipo da Celine, que passa a ser escrita agora sem o acento do primeiro “e”. Inspirada numa versão original dos anos 60, a ideia de Slimane é que a marca tenha um futuro sem sotaque. Bem se viu: todos os posts da antiga diretora, Phoebe Philo, foram deletados do Instagram.

Essa manobra chocou a poucos: Slimane é famoso pela iconoclastia. Na sua passagem pela Yves Saint Laurent, o designer arrancou o Yves e acrescentou “Paris” — sem falar na revolução estética que faria depois.  O logotipo da Saint Laurent Paris de Slimane também recebeu uma entonação mais em negrito — e advinha — mais ao estilo futura do que costumava ser na época de seu fundador.

A nova marca de Pedro Lourenço: Zilver.

O caso mais fresco de uso da fonte futura está na nova empreitada do brasileiro Pedro Lourenço. Fora do circuito desde 2015 quando encerrou a marca homônima, o designer vinha algum tempo fazendo suspense com postagens no Instagram. A revelação só veio na semana passada, com o anúncio da  Zilver.

Pedro fotografou a campanha do nova marca ao lado do namorado.

Arriscando uma nova linguagem de moda, mas conservando as bases minimalistas que lhe deram reconhecimento, Pedro Lourenço quer fazer moda com responsabilidade. “A moda não é apenas sobre design, é também um compromisso de experimentar e encontrar novos caminhos, não apenas novos em termos de silhuetas, mas novos em termos de fabricação e produção de produtos de uma maneira mais consciente”, disse ele.

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