Galliera é o primeiro museu de moda de Paris
Quando os primeiros filósofos, intelectuais e poetas abriram a roda e deram fala à roupa, subtraindo o suposto aspecto fútil e dando-lhe certo mérito questionador, entendeu-se que a moda passou a ter um valor documental, como detentora de memória social, capaz de retratar experiências passadas; e também como fenômeno dotado de potencial transgressor, atuante no processo de transformações culturais. E é curioso pensar que a França — creditada pela própria história como lar de muitos seres que contribuíram para esse motim da moda — não tivesse ainda um museu permanente para reverenciar essa que é quase uma instituição no país. Pois então, agora ela tem.
A cada dia, de Bob Mackie a Rui Spohr, mais e mais estilistas que ajudaram a moldar a face da moda entram no Instagram. Para muitos jovens estudantes da área que seguem essas figuras, a sensação vai além de estar em contato com o cotidiano de alguém que um dia já esteve na posição de sonhador, mas, a partir do que compartilham, poder ampliar o reportório de criação através da memória de moda.
Nunca se viveu num período em que as referências colidissem tanto a medida que as décadas são revisitadas. A atual inconstância estética revela a multiplicidade de gostos e referências da nova geração de designers. É claro que para alimentar o imaginário desses criadores, é necessário que se tenha uma forte base de informações.
Nessa linha, entre as muitas funções de um museu de moda, está justamente a de suprir esta necessidade de informação e também a de dar vazão a vozes que foram abafadas pela história. De recontar curiosidades que revestem vidas extraordinárias que admiramos e que constroem mitos, até confidenciar fatos aparentemente banais e cotidianos.
Com novos conceitos, práticas e valores sendo repensados, não é raro que uma mulher corajosa dos anos 20 que teve de lidar com questões de divórcio ou que precisou tocar uma fábrica sozinha venha a inspirar uma coleção ou um projeto de moda.
Com contribuição de R$ 19 milhões da Maison Chanel, o Palais Galliera — já conhecido pelos parisienses como museu da moda — poderá ser chamado oficialmente em 2019 como o primeiro museu permanente de moda em Paris.
Com o valor doado, novos espaços no subsolo do museu, intitulados Gabrielle Chanel Rooms, serão construídos para abrigar exposições itinerantes e permanentes, além de uma exposição fixa dedicada à história da moda do século XVIII até atualmente, englobando os mais de 200 mil itens do local. O projeto ainda conta com programações de oficinas, cursos e uma biblioteca.
2019 será um ano cheio para os fashionistas!
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