Na Cúpula do Teatro Municipal, ao som de um quarteto de cordas e em duas apresentações para 150 pessoas, Herchcovitch desfilou coleção sensível, de inspiração vitoriana. Abriu com looks muito leves, em off white e nude, passou por um vermelho sangrento e chegou ao preto para retornar aos rosados leves ao final.

Renda brasileira para compor o vitoriano, golas pudicas, mangas do período e silhuetas amparadas por shortinhos estão entre os itens do Alexandre atual. E ele fica longe de experimentações para se debruçar sobre belos vestidos camisola, como que repuxados de um lado no ombro com belo efeito de aparência sexy e descuidada. Nem o tal vermelho, nem o look de transparência e seios à mostra, nem o preto austero, que impõem distanciamento, tiram a impressão de que este é um daqueles momentos mais doces do estilista.

Herchcovitch concentrou-se na alfaiataria bem executada e na delicadeza dos materiais para defender uma coleção em que a excelência dos detalhes, do corte a da costura fala mais alto que efeitos espetaculares ou estranhezas.

Difícil não concordar com ele.