Herchcovitch vulcânico
Bonito de um jeito cortante, o desfile que se viu ontem na SPFW era puro Alexandre, estilista que não precisa se esforçar para imprimir marca inconfundível naquilo que faz. Entretanto, foi um desfile que me trouxe à memória o tempo em que o Woody Allen fazia filmes bergmanianos. O humor torto e veloz era então trocado pela subjetividade atormentada típica do diretor sueco. A analogia com o Alexandre é para registrar as recentes aproximações do estilista com climas ora otimistas e positivos, ora reflexivos e densos, e não para assinalar possíveis oscilações de identidade. Nesta coleção de alinhamento global, com os comprimentos longos, pérolas e rendas da hora, a leveza colorida e pictórica da coleção passada cede lugar a uma cartela de cores e texturas emprestada de lavas vulcânicas, ecoando as forças da natureza e, de tabela, as catástrofes ambientais.
Alexandre já fez coleções socio políticas, e a presença da Léa T, transexual brasileira na passarela toca este acorde. Mas esta aí é socio-ambiental. Imagens: Agencia Fotosite.
Compartilhe a sua opinião!
Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *