Histórias da moda brasileira
“Não sei se era em 78 ou se era 1980. Mas eu já trabalhava no Bom Retiro desde os 14 anos quando elas me chamaram para cuidar das roupas delas. Elas falaram assim: quanto é que você ganha? E dobraram meu salário. Quem viajava para o estrangeiro era a Mônica. Ela trazia os modelos de lá e era eu que saia procurando as oficinas para produzir. Tinha que ser igualzinho e muito bem feito porque elas cobravam caro e as clientes eram só mulheres granfinas do jardins. Era tudo em pequena quantidade. Elas copiavam os modelos direitinho. Eu ia lá e cuidava para sair tal e qual o modelo da Europa. Só artigo de primeira mesmo. Lembra as saias daquela novela que as moças rodavam? Era uma saia assim cheia de pontas e quando rodava subia até aparecer a calcinha. Pois fui eu quem fez aquelas saias! Elas também traziam roupa pronta. A gente tirava as etiquetas com muito cuidado e elas marcavam mais de 700 % no preço. Eu nunca ganhei tanto dinheiro na minha vida! Depois elas fecharam aqui em São Paulo. Resolveram ficar só com o interior e eu não quis ir. Fazer o quê. Eu não conhecia nada lá. Ia ficar perdido. Minha vida toda é aqui na capital. Mas o brinco de ouro da minha filha foi a Dona Mônica que deu.” O relato é do motorista de taxi que me levou do Aeroporto de Cumbica ao Ibirapuera para ver a SPFW.
Compartilhe a sua opinião!
Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *