Imitação e autoconhecimento
Plágio e falsificação são as primeiras palavras que costumam nos ocorrer quando a imitação acontece no universo da moda. No entanto, o fenômeno pode representar bem mais que um ato de pirataria.
Segundo afirma o antropólogo Renè Girard, a imitação nos é constitutiva, logo, inseparável da condição humana, e nos acompanha desde que nascemos. No aprendizado da língua materna, por exemplo, imitamos para aprender. Por sermos incompletos, há sempre algo fora de nós que nos falta e nos pode preencher. Também na moda, a imitação pode ter outros significado, ir além do simples impulso de seguir tendências, copiando looks e imitando cortes de cabelo. Elegemos nossos modelos de maneira intencional e as referências, reais ou fictícias, do presente ou do passado, que expressam aquilo que apreciamos e desejamos, tornar-se-ão, em alguma medida, aquilo que somos. Muito do que queremos ser é canalizado diretamente aos hábitos de consumo e nossos objetos de desejo, de certa forma, nos constituem, ou pelo menos nos ajudam a ser de uma determinada forma.
Nosso desejo pelo universo e pelo estilo de vida das marcas ( que em alguns casos pode ser apenas uma ação vazia e impulsiva) também pode ser uma atitude de autoconhecimento, e o exercício repetido de confrontação com modelos externos acaba trazendo à tona aquilo que desejamos vir a ser.
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