Kubrick no MIS e as roupas com sentido

Kubrick no MIS e as roupas com sentido

24 de outubro de 2013 No Radar 0

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A mistura de peças antiquadas que veste a gangue dos Droogs, incluindo suspensório, chapéu coco e camisa branca, combinados com coturnos militares e cassetetes, elementos que falam do lado negativo do predomínio masculino na cultura, produz um efeito policialesco devastador. É um figurino que assustou toda uma geração e fixou-se como representação acabada da violência. Ele não apenas sublinha as cenas, mas provê a carga simbólica necessária para a construção dos sentidos da trama.

  “Laranja Mecânica” é pai e mãe de um gênero que explora a violência urbana. É de 1971 e é superior à maioria dos que vieram depois dele, dentro do mesmo filão. A trama, baseada em livro do Anthony Burguess, de 1962, acompanha uma gangue de rapazes em investidas pela ultraviolência, embalados por sexo, drogas e pela 9° Sinfonia de Beethoven. Proibido em vários países na época do lançamento e cult absoluto na história do cinema contemporâneo, o filme também é representativo de outra das características do cineasta: a de conceder significação maiúscula para as roupas. Lembrarmo-nos com a mesma intensidade da brutalidade dos personagens e do figurino deles é a prova disso.

Reconhecer a genialidade de Kubrick não é coisa de leigos, é a opinião especializada. Kubrick tem um filme matricial para cada gênero, incluindo o melhor filme de gladiador, de guerra, de ficção científica e de reconstituição de época. Vista no conjunto, a obra dele parece pairar sobre o cinema atual, ou sustentá-lo, basta escolher a imagem de onipresença que melhor explique o fato.

Estes trechos acima são de um texto que escrevi após uma visita à exposição sobre o cineasta na Cinemateca de Paris, em 2011. Na época, filas enormes formaram-se diante do prédio projetado pelo Frank Gehry. Lá dentro, era pegar ou largar. A experiência era no ombro a ombro, sem chance de escapar do ritmo lento que a multidão imprimia ao trajeto. Os textos eram longos, as salas muitas e pequenas. Só aos poucos a paciência era recompensada com as maquetes, os manuscritos raros e os objetos de cena, que destrinchavam o processo criativo do diretor. Dizem que a montagem no MIS, em São Paulo, é ótima. Seja como for, a mostra é imperdível. Tomara que filas enormes se formem também na porta do prédio brasileiro.

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Serviço

Stanley Kubrick

Museu da Imagem e do Som (MIS)

Endereço: Avenida Europa, 158, Jardim Europa.

Até 12 de janeiro

Terças a sextas, das 12h às 22h, sábados, domingos e feriados, das 11h às 21h

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia entrada) ou pelo site (R$ 20).

Às terças-feiras, a entrada no MIS é gratuita.

As imagens: cena de Laranja Mecânica na divulgação do MIS, figurino na mostra e Kubrick registrando a ação no set do filme.

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eduardo:

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