Vestindo um paletó de bolinhas brancas, para receber o prêmio de melhor jogador do ano, Leonel Messi soube usar a roupa em benefício próprio e ganhou bem mais que um troféu. O paletó do rapaz, tradicional na forma e na cor, teria passado em branco, não fossem as polêmicas bolinhas. Com elas, o argentino, obscureceu o prêmio, roubou espaço das guerras globais e das crises financeiras na imprensa. É provável que outros homens estejam curiosos, de olho nas possíveis vantagens de se usar algo fora do padrão, já que a pequena transgressão valeu a Messi tanta visibilidade imediata quanto seu futebol. De fato, o que deve mesmo nos intrigar não é a roupa do jogador, mas a reação a ela. E ainda há quem acredite que homens não ligam para o que vestem! Basta cutucar de leve os códigos vigentes, como fez Messi, para estremecer os fundamentos dessa idéia tola. Não é curioso que a primeira roupa a chacoalhar a mídia global em 2013 não tenha sido o vestido arrasador, nem o biquíni sumário e sim o paletó de bolinhas do jogador de futebol? E no mesmo dia que Londres deu a largada para a segunda edição da semana de moda dedicada exclusivamente aos rapazes? Há quem veja a moda masculina como terra assentada, time que não se mexe (ops!). Prefiro ver como uma paisagem ilusoriamente calma e inexplorada, prestes a entrar em convulsão. Ou, se preferir algo menos poético, uma considerável fonte de diversão e lucros no horizonte da moda atual. É como diz a sabedoria popular: onde se anda descalço é que se vende sapatos.

Em tempo: o modelo é Dolce & Gabbana e a foto é:

AP Photo/Keystone, Walter Bieri