M: o vampiro ataca outra vez

M: o vampiro ataca outra vez

13 de janeiro de 2011 Arte, Moda 0

Nos últimos dias de férias, imobilizado por um pé que encontrou uma pedra no caminho, ficamos eu, o computador, um saco de gelo, e uma cópia do Vampiro de Dusseldorf do Fritz Lang, confinados no segundo andar de uma casa  de praia. Em princípio, nada mais inadequado para dias de verão. Entretanto, o que é bom  de verdade impõe a própria atmosfera. Logo nas primeiras cenas, a câmara acompanha a mãe que aguarda a filha voltar da escola. Ela consulta o  relógio, arranja o prato sobre a mesa, chama pelo nome da garota na janela e só tem uma ausência bruta na outra ponta destes apelos domésticos. Também logo no começo, quando a paranóia se instala na cidade, um homem que é abordado por uma garotinha é confundido com o assassino. Quando ele se vira para o cara que o interpela, olha para cima, onde está a câmara, e o ângulo inusitado torna-o pequeno e indefeso. É meio caricato, mas é original ali.  E melhor realizado que as mil vezes em que foi copiado depois. Só na quarta noite cheguei ao momento em que os bandidos  improvisam um julgamento para o assassino e o filme envereda por uma impagável inversão de valores. Está lá, in natura, por exemplo, as trocas promovidas por Scorcese em Infiltrados.  O filme ecoa em tantos outros posteriores a ele que a lista seria longa. É tão bom que sempre há algo a dizer a respeito dele. Mesmo que acrescente pouco ao que já foi dito, valendo.

Sobre o autor

eduardo:

0 Comments

Compartilhe a sua opinião!

Seu e-mail não ficara público. Campos requeridos estão marcados com *

Deixe um comentário