Marine Serre abraça o futuro distópico

Marine Serre abraça o futuro distópico

9 de outubro de 2020 Sem categoria 0

A lua minguante de Marine Serre foi inescapável nos últimos meses, aparecendo no corpo das maiores celebridade e até como figurino para o filme “Black is King” da Beyoncé. A  francesa foi vencedora do prêmio para jovens designers pela LVMH e com a recente coleção do Spring 2021, mostra que é merecedora também de toda atenção que vem recebendo. 

No projeto, dois principais elementos se entrelaçam: a coleção em si, e o vídeo que substitui o tradicional desfile. O nome “Amor Fati”, traduzido do latim como “amor ao destino”, faz referência aos escritos de Nietzsche e dá título a esse novo capítulo da marca. Quando tomamos consciência da condição cíclica e inevitável do destino, podemos escolher amá-lo.

A coleção está bem alinhada com tudo que Marine tem apresentado nas últimas coleções. Combinando um olhar conceitual com peças esportivas e comerciais, a designer apresenta full bodysuits que frequentam as fronteiras inusitadas entre ciclismo e figurinos performático, como aqueles de Leigh Bowery.

O vídeo inicia com uma personagem nua deitada, cercada por “cirurgiões” vestindo a marca. No que aparenta ser um experimento futurista, ela tem seu corpo coberto pela icônica estampa de Marine. Várias das peças ajustadas ao corpo já carregavam essa ilusão óptica, mas este ato de tatuar a lua minguante elimina o espaço entre roupa e pele.

Vários clãs, como pequenos planetas, representando diferentes partes da coleção, criam uma atmosfera reminiscente dos filmes pós-apocalípticos dos anos 1980. O clã da areia lembrando o romance de ficção científica Duna, que ganhará uma nova adaptação cinematográfica em 2021. A protagonista atravessa os espaços sob a orientação de outra personagem, numa espécie de projeção astral. 

As ideias e estéticas de um futuro distópico são conceitos que aparecem regularmente em algumas marcas de moda, notavelmente no trabalho de Rick Owens, mas a distopia parece desconfortavelmente próxima nos últimos tempos. O título da coleção no entanto revela um novo ângulo para esta realidade: amor ao destino. Se estamos amaldiçoados a este inevitável futuro, devemos abraçá-lo com seus prazeres e adversidades.

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